Incêndios: Governo decide não prolongar situação de alerta após terça-feira

O ministro da Administração Interna anunciou que o Governo irá “aliviar as restrições”, já que as previsões meteorológicas apontam para melhorias a partir de quarta-feira. A Protecção Civil vai manter o alerta laranja em 16 distritos na terça-feira e em cinco na quarta-feira.

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O país encontra-se em situação de alerta desde domingo LUSA/NUNO ANDRÉ FERREIRA

O Governo decidiu esta segunda-feira não prolongar a situação de alerta em vigor actualmente para além de terça-feira, devido a um “quadro de melhoria significativa” das condições meteorológicas, que se deve fazer sentir a partir de quarta-feira. A situação de alerta mantém-se até às 00h de terça-feira e exige, ainda assim, "especiais cuidados”, alertou o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro.

A decisão decorre do facto de se prever que, a partir de quarta-feira, as temperaturas desçam até a um máximo de 35.º C e a humidade aumente até 80% nas zonas do litoral do país. “É expectável que retomemos o quadro regular do Verão”, explicou o governante, “um quadro como não tínhamos desde o início desta fase mais difícil dos incêndios florestais”.

Nesta nova fase, a ANEPC “manterá o alerta laranja” em 16 distritos esta terça-feira e em cinco distritos esta quarta-feira, particularmente, no interior, norte e centro do país. Para além disso, vai “promover o pré-posicionamento dos meios terrestres e aéreos” para acompanhar o risco de incêndio “nos diferentes pontos do país” e fazer uma “avaliação diária” para “ajustar a resposta às necessidades diagnosticadas”, anunciou ainda José Luís Carneiro.

No que diz respeito à fiscalização e ao patrulhamento, o responsável pelo Ministério da Administração Interna garantiu ainda que se vão manter 300 patrulhas da GNR no terreno, em coordenação com outras 300 patrulhas que “integram entidades externas”, como municípios.

O anúncio foi feito depois de uma reunião entre os ministros da Administração Interna, Defesa, Trabalho, Saúde, Ambiente e Alimentação, na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC), para avaliação das medidas adoptadas no âmbito da situação de alerta.

Questionado pelos jornalistas sobre a investigação ao incêndio da serra da Estrela, José Luís Carneiro explicou que a “avaliação aos grandes incêndios”, entre os quais o da serra da Estrela - onde, recorda, ainda se encontram 400 operacionais - decorrerá “assim que esteja estabilizada a extinção desse incêndio” e outros de “significativa dimensão”.

A ideia, diz, é “tirar lições aprendidas”, através da constituição de um painel de especialistas e investigadores que garantam uma “investigação isenta, imparcial e competente”, a fim de se aperfeiçoar o sistema de combate aos incêndios.

Mais de 800 suspeitos

Sobre a percentagem de fogos postos, o ministro relembrou que existiam “mais de 800 suspeitos que se encontravam em processos de acompanhamento pelas autoridades de investigação” na semana passada e afirmou que existe “um número de detidos” que não sofreu alterações “nos últimos dias”. “Há investigações que estão em curso e vamos aguardar que essas investigações decorram no cumprimento daquilo que são também as obrigações legais do Estado no direito democrático”, afirmou.

O Governo declarou a situação de alerta entre domingo e terça-feira por risco de incêndio rural, em face das previsões meteorológicas para estes dias, que apontavam para uma terceira onda de calor.

As medidas de combate aos incêndios anunciadas pelo executivo nesse âmbito consistem na limitação do uso de fogo, máquinas e trabalhos agrícolas e do acesso a espaços florestais, num reforço de 25 patrulhas das Forças Armadas, na contratação de 100 equipas de bombeiros, isto é, cerca de 500 profissionais, e na antecipação do pagamento de um milhão de euros às corporações de bombeiros.

Esta manhã, a ministra da Presidência divulgou também que o Governo vai declarar o estado de calamidade na serra da Estrela, após uma reunião com os autarcas dos concelhos da região mais afectados pelo incêndio que lavrou entre 6 e 17 de Agosto.

Actualmente, existem quatro incêndios rurais activos “importantes” em Vila Real, Porto e Santarém, segundo o ponto de situação das 19h da Protecção Civil, e 10 distritos em alerta amarelo, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

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