Rui Moreira quer que coração de D. Pedro seja exposto no Porto de cinco em cinco anos

Presidente da Câmara do Porto acredita que, desta forma, será mais fácil manter viva a memória da relação do rei com a cidade junto das gerações mais novas. “O coração tem um significado simbólico que vai além da relíquia”, acrescentou Moreira.

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Depois de regressar do Brasil, o coração voltará a ser exposto no Porto, a 10 e 11 de Setembro LUSA/ESTELA SILVA

O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, quer que o coração do rei D. Pedro IV, guardado a cinco chaves (assim, mesmo, não sete, como na expressão popular) na Igreja da Lapa, seja exposto, “pelo menos, de cinco em cinco anos” na cidade.

“A minha ideia é que se crie um pressuposto e princípio, naturalmente eu já cá não estarei, que, pelo menos uma vez, de cinco em cinco anos, haja uma exposição do coração”, disse Rui Moreira, à margem da assinatura do protocolo que define as condições da transladação do coração do monarca, entre o município do Porto e a Embaixada da República Federal do Brasil em Lisboa.

Aos jornalistas, o autarca independente lembrou que o coração “precisa de sair da urna”, nomeadamente, para que sejam substituídos os líquidos que permitem a sua conservação.

Lembrando que este é um “bem cultural insubstituível”, Moreira defendeu que a exposição do coração à cidade permitirá às novas gerações perceberem o seu “significado": “O coração tem um significado simbólico que vai além da relíquia”, acrescentou.

Antes de viajar temporariamente para o Brasil, o coração do “rei soldado”, que chegou ao Porto em Fevereiro de 1835 e que raras vezes saiu do mausoléu da capela-mor da igreja da Lapa, esteve durante este fim-de-semana em exposição.

Para o retirar do pequeno caixão de mogno guardado no mausoléu são precisas cinco chaves e mil cuidados. Conservado em formol dentro de um recipiente de vidro e, este, dentro de uma espécie de taça de prata dourada, o coração de D. Pedro IV, primeiro imperador do Brasil, atraiu nos últimos dois dias mais de seis mil pessoas, portuguesas e estrangeiras.

O coração do monarca, cujo corpo se encontra na cidade brasileira de São Paulo, atravessa esta noite o oceano Atlântico para marcar presença nas comemorações do bicentenário da independência do Brasil, antiga colónia portuguesa que o rei conduziu à independência.

A transladação, prevista para quando passarem vinte minutos da meia-noite de segunda-feira, será acompanhada pelo presidente da Câmara Municipal do Porto, que levará pessoalmente o coração ao Brasil com o apoio da Força Aérea Brasileira (FAB).

O coração de D. Pedro chega na segunda-feira pelas 9h30 (13h30 de Lisboa) à base aérea de Brasília, onde será recebido com honras militares. Da base aérea, a relíquia segue para o Palácio de Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, na capital brasileira, de onde só sairá na terça-feira, pelas 16h locais, para marcar presença numa cerimónia no Palácio do Planalto, sede da Presidência, às 17h.

Depois da cerimónia, onde estará presente o Presidente da República brasileiro, Jair Bolsonaro, o coração regressa ao Palácio de Itamaraty, onde será apresentado ao corpo diplomático e onde ficará em exibição “controlada” até às comemorações do bicentenário da independência, a 7 de Setembro.

As diferentes cerimónias serão acompanhadas pelo presidente da Câmara do Porto que, na quinta-feira de manhã, preside no Instituto Rio Branco a uma sessão sob o tema genérico “Dois povos unidos por um coração: o significado político e simbólico de D. Pedro para Portugal e o Brasil”.

Apesar de o autarca regressar a Portugal, o coração do monarca continuará a ser acompanhado pelo comandante da Polícia Municipal do Porto, António Leitão da Silva.

O coração de D. Pedro deverá regressar à cidade do Porto a 9 de Setembro, ficando de novo em exposição nos dois dias seguintes, antes de voltar a ser guardado a cinco chaves.

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