Linda Evangelista é capa da Vogue sete anos depois de ter ficado desfigurada

A supermodelo de 57 anos é a capa de Setembro da edição britânica da revista de moda. A ex-top model aborda o procedimento estético que a deixou “desfigurada”, a vaidade e a procura pelo ideal de beleza.

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Linda Evangelista na capa da edição de Setembro da revista Vogue Vogue

Um mês depois de ter anunciado o regresso ao mundo da moda com uma campanha para a Fendi, a supermodelo Linda Evangelista surge, pela primeira vez desde o procedimento estético que a deixou “desfigurada”, na capa de Setembro da edição britânica da revista Vogue.

Em todas as fotografias, Linda surge com um chapéu e lenço à volta da cara e do pescoço, de maneira a esconder as imperfeições. O que não se vê é a fita adesiva e os elásticos à volta do rosto, que que criam a ilusão de uma pele perfeita, sem rugas e, acima de tudo, sem as deformações que a modelo está a tentar aceitar.

“Esta não é minha cara e o meu pescoço — e não posso andar com fita adesiva e elásticos epara todo o lado”, reconhece. “Tento amar-me como sou”, acrescenta.

No entanto, a ex-top model defende que para as fotografias se pode criar “fantasias”, por isso, pode aparecer com uma figura mais estilizada. “Estamos a criar sonhos. Acho que é permitido. Além disso, todas as minhas inseguranças foram cuidadas, por isso, tenho que fazer o que amo.”

Durante a entrevista, a modelo de 57 anos aborda os problemas com a imagem e expectativas de beleza associadas à moda. Na grande maioria das vezes, as intervenções consistem em pôr botox ou fazer um leve preenchimento. No caso de Linda Evangelista foi um tratamento de congelamento de gordura, que acabou por ter o efeito contrário.

“Se eu soubesse que os efeitos colaterais incluíam a possibilidade de perder o meu trabalho, acabar tão deprimida ao ponto de me odiar, não teria corrido esse risco”, admite enquanto os olhos se enchem de lágrimas.

Mas os anúncios do CoolSculptin da empresa Zeltic Aestetics Inc. eram transmitidos em vários canais de televisão e acabaram por captar a atenção da modelo.

“Eles perguntavam: ‘Gosta do que vê ao espelho?’ Estavam a falar comigo. Era sobre gordura teimosa em áreas em que não desaparecia”, explica. A vaidade e a ideia de retardar os efeitos de envelhecimento levaram-na a “beber da poção mágica”. No final de contas era um procedimento sem cirurgia, que não precisava de tempo de recuperação. “Fui em frente, e correu mal.”

Durante anos tentou corrigi-lo. Tentou duas lipoaspirações, intervenções que deixaram o corpo cheio de cicatrizes e roupas de compressão que usou durante oito semanas, mas nada ajudou. Em último caso, deixou de comer.

“Eu estava tão envergonhada, tinha acabado de gastar todo esse dinheiro e a única maneira que acreditava conseguir resolver [o aumento de peso] era zero calorias, então bebia água. Ou às vezes comia um pouco de aipo ou uma maçã”. Estava a enlouquecer”, admite.

Sete anos depois, afirma que ainda não se consegue olhar ao espelho nem suporta que alguém lhe toque, mas reconhece o apoio de todos os amigos da indústria da moda como a actriz Gwyneth Paltrow e Marc Jacobs.

“Sinto muito a falta do meu trabalho, mas honestamente, o que posso fazer? Não vai ser fácil. Não me vão ver de fato de banho, com certeza. Vai ser difícil encontrar trabalhos sem retocar [as fotografias] comprimir ou enganar”, reconhece.

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