Casal de portugueses detidos em Zamora ouvidos por tribunal de Madrid por serem alvo de processos nos dois países

Conheceram-se há largos anos no Algarve, já foram julgados por um homicídio, do qual foram absolvidos. Em Julho, lançaram o medo com vários assaltos violentos que começaram em Portugal e prosseguiram em Espanha. Portugal pediu extradição, mas não há confirmação se foi ou não concedida.

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Casal era procurado em Espanha por suspeitas de assaltos GUARDIA CIVIL

Ficou em prisão preventiva o casal de portugueses detidos na cidade espanhola de Zamora e a que as autoridades policiais de Espanha se referem como “muito perigosos”. São suspeitos da vaga de assaltos violentos cometidos no último mês em estações de serviço dos dois lados da fronteira.

A decisão de decretar a prisão preventiva, noticiada pela Europa Press, foi conhecida ao fim do dia em que os dois foram presentes a um juiz do Tribunal de Instrução Criminal em Madrid, e depois de a justiça portuguesa ter emitido um mandado de detenção europeia e apresentado um pedido de extradição.

A notícia foi avançada pelo jornal online Zamora News, com base na informação oficial prestada em conferência de imprensa pelas autoridades judiciais espanholas.

O homem de 42 anos, um português da Venezuela, e a companheira de 40 anos conheceram-se há largos anos no Algarve. Chegaram a ser acusados, embora depois absolvidos por falta de provas em julgamento, da morte de um idoso com quem a suspeita privaria em 2018 na cidade de onde vem, São Brás de Alportel, no Algarve.

O casal – q​ue alguns associam a Bonnie e Clyde, a dupla de criminosos, que era também um casal, nos Estados Unidos dos anos 1930 –​ terá passado a fronteira em Ayamonte a 28 de Julho. Foi nessa data que começou a onda de assaltos em Espanha em postos de abastecimento e estabelecimentos comerciais de Sevilha, Badajoz e Toledo, já depois de uma onda semelhante se ter verificado em pelo menos três localidades do Algarve.

O casal, que também é suspeito de ter roubado com violência, na região de Madrid, o carro no qual passou a deslocar-se nos últimos dias da fuga, terá usado nos assaltos os mesmos métodos de intimidação, empunhando uma arma de fogo e uma faca, como registaram as câmaras de vigilância.

Os dois foram detidos em Zamora no sábado numa operação conjunta das polícias nacional e municipal, depois da denúncia de um cidadão, que alertou a Guardia Civil. Porém acabaram por ser transferidos para a capital espanhola, uma vez que é a Audiência Nacional (tribunal) em Madrid que detém a competência para desenvolver o tipo de diligências para pedidos de extradição.

Processos em dois países

Contactada há dois dias sobre os procedimentos que deverão seguir-se, e questionada sobre outros eventuais processos criminais nos quais o casal esteja implicado, a Procuradoria-Geral da República portuguesa não respondeu em tempo útil.

O PÚBLICO tentou, sem sucesso, saber qual foi a decisão do tribunal a esse respeito. Por uma questão do princípio da soberania os Estados, nem sempre extraditam quando há crimes no seu território que prevêem a prisão preventiva, como acontece neste caso. Em alternativa, o tribunal pode decidir à ordem do processo espanhol e autorizar depois os arguidos a vir a Portugal fazer diligências nos processos em Portugal, e serem aqui igualmente constituídos arguidos.

De forma inversa, situação semelhante aconteceu no caso do espanhol detido em Portugal e procurado pela polícia de Espanha há vários anos. O homem, conhecido pela alcunha de ‘El Solitario’, foi preso em 2007 em Portugal quando tentava assaltar um banco na Figueira da Foz, crime pelo qual foi condenado. Depois de oito anos na cadeia em Portugal, foi extraditado em 2015 para Espanha onde foi condenado a 47 anos de prisão pelo homicídio dos dois agentes da Guardia Civil, crimes anteriores à tentativa de assalto em Portugal. com Lusa

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