A transparência dos homens de negro

Os árbitros não são deuses, de facto, mas apenas porque as suas funções exigem o exercício de um dos atributos divinos — a omnipotência — sem o auxílio do outro — a omnisciência.

“O objectivo é aumentar a transparência.” Salvo honrosas excepções em contextos muito específicos (diálogos na Marinha Grande, ou em lojas de lingerie), qualquer reclamação por mais transparência costuma referir-se a um de três assuntos: finanças públicas, o “estado da Justiça”, ou decisões de arbitragem. O último tema recebeu neste Verão uma das suas já tradicionais infusões de entusiasmo, quando várias ligas europeias sugeriram tornar o futebol mais transparente, disponibilizando ao público as comunicações entre o árbitro de campo e o VAR. A medida, como no passado recente, voltou a não sair do seu estágio de optimismo preliminar (em Portugal, a proposta foi chumbada em assembleia geral; e a Premier League fez marcha-atrás em menos de 48 horas). É inevitável que a questão volte a ser debatida no futuro: as pausas que o VAR veio acrescentar ao jogo continuam a produzir silêncios demasiado ruidosos para a paciência colectiva e um consenso parece estar a formar-se sobre a matéria, refutando o velho aforismo sobre leis e salsichas — a única coisa pior que os adeptos ouvirem as conversas dos árbitros é os adeptos imaginarem as conversas dos árbitros.

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