Cartas ao director

A biodiversidade na serra da Estrela

São raros os jornalistas que pesquisam para obterem dados credíveis para publicarem artigos sobre a relevância da biodiversidade. Conheço um que trabalhou no PÚBLICO, o Ricardo Garcia, que até me acompanhou em digressões através de alguns ecossistemas da África Tropical. Creio que não conheço pessoalmente Daniel Dias, que deve ser o jornalista a quem neguei dar informações pelo telefone, pois só o faço para jornalistas credíveis e que conheça pessoalmente. Lamento, pois o artigo sobre a biodiversidade ameaçada da serra da Estrela (PÚBLICO, 13.08.2022) é excelente, preciso e elucidativo. Felicito o jornalista e o PÚBLICO. É por isso que sou um leitor diário do PÚBLICO, pois tenho informação fidedigna. Não vejo telejornais das televisões portuguesas, onde os repórteres, ao noticiarem os incêndios florestais, parecem estar a relatar um desafio de futebol, tendo sempre como imagem de fundo a Natureza a arder, com o que incentivam os pirómanos. Muitos dos nossos incêndios iniciam-se à noite, depois dos telejornais. Na década de 80, demonstrei isso com o testemunho de alunos meus. Fomos para o cume de uma montanha, com ampla panorâmica circular e observámos o início de meia dúzia de incêndios após os telejornais. Porque é que esses “voyeurs” não mostram imagens dos suicídios, que os há quase diariamente?

Jorge Paiva, Coimbra

Selvajarias “legítimas”

Mandar matar é exercer um acto de primarismo obtuso, próprio de quem, pessoalmente, não é capaz de o fazer, ou não quer “sujar as mãos” e as lava como Pilatos. Uma fatwa islâmica é uma ordem decretada por um cobarde que delega noutros, a troco de dinheiro ou por qualquer obediência, uma tarefa que, envolta em alguma insanidade, é um profundo desejo individual. A sociedade islâmica, outrora na frente da sabedoria, deixou-se ultrapassar, enredada em teias de obscurantismo religioso que, por sinal, já apoquentaram as sociedades ocidentais. Azar dos muçulmanos, que se deixaram ficar para trás naquilo que convencionamos chamar desenvolvimento.

Mas nem tudo é assim tão simples. Em teoria (e na prática), continuamos, no nosso hemisfério, a tomar decisões que, justamente por nos considerarmos mais evoluídos, deveríamos ser mais criteriosos em aceitar. Poucas coisas diferenciam a tentativa de cumprimento da fatwa que perseguia Salman Rushdie há 33 anos do ataque à distância que redundou na morte de Al-Zawahiri. Afinal, ambos eram temidos pela sua perigosidade.

Intrinsecamente, o Homem contém em si os mais básicos sentimentos, que não mudam com o decorrer dos tempos nem, pelos vistos, com as distâncias geográficas ou ideológicas.

José A. Rodrigues, Vila Nova de Gaia

Gerir o país e o Governo

António Costa deu a entender, perante a forma atabalhoada da contratação de Sérgio Figueiredo, que só se tem que preocupar com a gestão do seu gabinete. Não, senhor primeiro-ministro, é responsável pela gestão do país e tem obrigação de gerir a actividade dos membros do Governo, chamando a atenção para processos menos claros nos actos de gestão e decisões politicas dos seus ministros. Parece que começa a valer tudo com esta maioria, tal tem sido a arrogância, declarações e tomadas de posição nos últimos dias, como se pode constatar pelas declarações recentes da ministra da Agricultura.

As situações são complexas e, perante as dificuldades, notam-se já sinais de desorientação perante a falta de soluções para resolver os graves problemas estruturais que o país tem e que uma maioria poderia ajudar a resolver. Começo a acreditar que esta equipa não tem capacidades, conhecimentos e experiência para este grande objectivo, perdendo-se uma grande oportunidade com o PRR. Se o PS e o PSD não conseguem, quem o poderá fazer? (…)

Rafael Serrenho, Alandroal

A nossa comunicação social

Declaração de interesses: apreciei o estilo do Fernando Chalana, embora poucas vezes o tenha visto jogar e essas poucas vezes resumem-se às partidas da Selecção Nacional em que actuou.

No dia 6 de Agosto p.p. faleceu Ana Luísa Amaral. O PÚBLICO noticiou no dia seguinte, com chamada à 1.ª página e artigo nas páginas 26 e 27. As televisões noticiaram, umas mais do que outras, mas nada de excepcional.

No dia 10 de Agosto p.p. faleceu o general João de Almeida Bruno, militar de Abril. O PÚBLICO noticiou no dia 11, no interior, na página 13, com um artigo de um terço de página, em que faz uma pequena história do percurso da vida dele. As televisões, praticamente, nada disseram para além da referência à morte do general (aquelas que o fizeram…) e pouco mais.

O Chalana faleceu no mesmo dia 10 de Agosto p.p.. Noticiou o PÚBLICO no dia 11, com chamada à 1.ª página, e artigo que ocupou metade do espaço dedicado ao Desporto. As televisões, essas, às 17 horas do dia 12 ainda não se calaram com o assunto. Todas.

Que comunicação social é esta?

Álvaro Lopes, Porto

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