Antigo chanceler Schröder processa Parlamento alemão por perda de privilégios

Social-democrata quer recuperar o gabinete e funcionários a que tinha direito por ter sido chanceler.

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O antigo chanceler da Alemanha, Gerhard Schröder, no seu gabinete, numa entrevista à Reuters em 2018 FABRIZIO BENSCH/Reuters

O antigo chanceler alemão Gerhard Schröder, que tem sido muito criticado por não se distanciar do Presidente russo, Vladimir Putin, passou ao ataque com um processo judicial contra o Parlamento alemão para recuperar alguns dos privilégios que lhe foram retirados.

Os antigos chanceleres têm direito a um gabinete e a funcionários no Parlamento (assim como pensão e segurança) mas, no caso de Schröder, foi considerado que o gabinete do Parlamento não fazia sentido quando ele tinha cargos em empresas públicas russas de energia e uma ligação de amizade com Putin e não se distanciou deste após a invasão da Ucrânia pela Rússia. O Parlamento decidiu em Maio retirar-lhe o gabinete e os funcionários (alguns assessores tinham-se entretanto demitido em protesto pela posição de Schröder em relação à Rússia após a invasão da Ucrânia).

Um dia depois do anúncio da retirada destes privilégios, Schröder, chanceler entre 1998 e 2005, demitiu-se do conselho de administração da petrolífera russa Rosneft e disse ter recusado uma nomeação para uma posição na Gazprom. Schröder é ainda presidente do conselho de administração do Nord Stream 1, o gasoduto onde a Rússia tem feito diminuir a quantidade de gás a chegar à Alemanha como meio de pressão política e de aumentar o preço do gás, diz o Governo alemão e a comissão europeia. Moscovo invoca problemas numa turbina que está na Alemanha.

O advogado de Schröder diz que não há motivos legais para a retirada destes privilégios, segundo a agência de notícias DPA. Na sua decisão, o Parlamento não evocou directamente a ligação a Putin.

Schröder tem argumentado que não faz sentido distanciar-se de Putin porque assim cortaria o diálogo. O antigo chanceler esteve em Moscovo recentemente e trouxe duas afirmações que provocaram polémica. Uma foi: “A boa notícia é que o Kremlin quer uma solução negociada”, quando até agora não houve sinais de vontade de negociação de Moscovo. A outra, numa entrevista à revista Stern: “Quem não quer usar o Nord Stream 2 tem de arcar com as consequências. E na Alemanha, elas serão enormes”.

O Nord Stream 2 é o gasoduto que o Governo de Scholz deu como terminado quando se percebeu que a Rússia ia mesmo invadir a Ucrânia, e por isso a sua entrada em funcionamento é totalmente recusada pelo executivo de Olaf Scholz. A possibilidade de falta de gás para o Inverno está a ser levada a sério na Alemanha, que está na segunda fase de um plano de emergência de três graus, o seguinte implica racionamento.​

Ainda esta semana, uma comissão do Partido Social-Democrata (de Scholz e Schröder) rejeitou um pedido de 17 organizações do SPD para que o antigo chanceler fosse mesmo expulso do partido. A comissão concluiu que Schröder “não foi culpado de violação de regras do partido”, embora reconhecesse que as suas acções “causaram dano” ao SPD.

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