Director do FBI critica ameaças “deploráveis e perigosas” depois de buscas na casa de Trump

O presidente da principal associação profissional dos agentes federais fala em “ameaças de violência politicamente motivadas” e “sem precedentes”.

Foto
O ex-Presidente junto à Trump Tower, em Nova Iorque, depois da notícia sobre as buscas DAVID DEE DELGADO/Reuters

Recusando responder a perguntas dos jornalistas sobre as buscas realizadas pelo FBI na mansão de Donald Trump de Mar-a-Lago, o director da polícia federal dos Estados Unidos admitiu estar preocupado com as ameaças contra membros das forças de segurança. “Estou sempre preocupado com a violência e ameaças de violência contra agentes”, disse Christopher Wray, que foi nomeado pelo ex-Presidente norte-americano, em 2017.

“Quaisquer ameaças contra membros das forças de segurança, incluindo homens e mulheres do FBI, como de qualquer outra agência policial, são deploráveis e perigosas”, afirmou Wray, de visita à delegação do FBI em Omaha, no Nebrasca. Sem querer comentar directamente as ameaças recebidas na sequência das buscas de segunda-feira, Wray confirmou que “nos anos mais recentes tem havido uma subida alarmante na violência contra agentes”.

Num comunicado divulgado na quarta-feira, o presidente da principal associação profissional de agentes federais (Federal Law Enforcement Officers Association), referiu-se às ameaças recebidas por agentes do FBI depois das buscas em Mar-a-Lago como “ameaças de violência politicamente motivadas” e “sem precedentes”.

“Ameaçar funcionários federais apolíticos, que se limitam a aplicar a lei num caso, não é uma forma democrática de resolver nada. E também é ilegal”, afirma Larry Cosme. “Uma investigação não ocorrerá a menos que haja alegações de violações da lei e não avançará sem indícios de delito”, recorda ainda Cosme.

Na sequência da operação em casa de Trump, houve um aumento de “ameaças violentas” contra agentes do FBI, confirmaram ao canal ABC News vários responsáveis policiais.

Em relação às buscas que estão a marcar a actualidade nos Estados Unidos, Wray disse que não podia responder a nada – por regra, o Departamento de Justiça não comenta investigações enquanto estas se desenvolvem. “Como tenho a certeza de que compreenderão, isso não é algo de que eu possa falar”, afirmou Wray.

Os agentes que estiveram em Mar-a-Lago cumpriam um mandado de busca inédito na história dos EUA, com as buscas na casa particular de um ex-Presidente dos EUA. Uma operação deste tipo só é possível se os agentes do FBI no terreno tiverem fortes indícios de que foi cometido um crime e levarem essas suspeitas ao director. Finalmente, as buscas têm de ser autorizadas por um juiz federal (independente do Departamento de Justiça).

As buscas, explicou o próprio filho do ex-Presidente, Eric Trump, resultam de uma denúncia dos Arquivos Nacionais dos EUA, a agência que preserva os registos oficiais dos ex-Presidentes, que já revelara que Trump levou para Mar-a-Lago, na Florida, documentos e objectos que deviam ter sido entregues logo após a sua saída Casa Branca.

Como tem feito noutras situações, Donald Trump apresentou-se como vítima de uma perseguição política. “Infelizmente, a América tornou-se um país minado pela corrupção. Eles até arrombaram o meu cofre!”, afirmou.

Congressistas do Partido Republicano ameaçaram, entretanto, cortar o financiamento do FBI, e dirigem as suas queixas de perseguição em particular contra o juiz que emitiu o mandado, Bruce Reinhart, e contra o procurador-geral, Merrick Garland, o juiz que Barack Obama quis nomear sem sucesso para o Supremo Tribunal e que assumiu o cargo actual em Março de 2021.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários