Preço da gasolina cai 4,5% e volta a níveis pré-guerra

Os preços médios da gasolina e do gasóleo sofreram as quedas mais acentuadas dos últimos três meses, numa altura em que o petróleo está a desvalorizar nos mercados internacionais.

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Paulo Pimenta

Os preços de venda dos combustíveis sofreram, no arranque desta semana, a quebra mais acentuada dos últimos três meses, numa altura em que o petróleo está a desvalorizar nos mercados internacionais, pressionado pelos receios em torno de uma recessão económica. No caso da gasolina, o preço médio voltou mesmo a estar abaixo daquele que se registava antes do início da guerra na Ucrânia, evento que tem contribuído para a subida acentuada do custo da matéria-prima.

Os dados foram divulgados, esta terça-feira, pela Direcção-Geral de Energia e Geologia, que dá conta de uma descida generalizada dos combustíveis, tal como era antecipado. Assim, na segunda-feira, o preço médio da gasolina 95 simples em Portugal Continental era de 1,805 euros por litro, uma redução de 4,45% (ou menos 8,4 cêntimos por litro) em relação à semana passada. Já o preço médio do gasóleo simples fixou-se em 1,746 euros por litro no arranque desta semana, uma queda de 4,59%, ou de 8,4 cêntimos por litro, em relação à semana passada.

Em ambos os casos, estas são as quedas de preço mais acentuadas desde o início de Maio deste ano, altura em que o Governo reduziu o ISP sobre a gasolina e o gasóleo, como forma de mitigar o impacto da subida acentuada dos preços dos combustíveis que então começava a sentir-se.

Com esta queda, o preço médio da gasolina fica, assim, abaixo dos valores que se registavam antes de a Rússia invadir a Ucrânia, a 24 de Fevereiro, altura em que o preço médio do litro de gasolina era de 1,816 euros. Já o preço do gasóleo mantém-se acima dos valores que eram registados por essa altura, quando o litro de gasóleo simples custava uma média de 1,66 euros.

A guerra na Ucrânia veio agravar a escalada de preços dos combustíveis que já antes se fazia sentir, devido ao peso que a Rússia assume no mercado internacional. No final de 2021, de acordo com a Agência Internacional de Energia, a Rússia era o terceiro maior exportador do mundo, só atrás da Arábia Saudita e dos Estados Unidos, e respondia por 14% do fornecimento mundial de petróleo, ao produzir uma média de 10,5 milhões de barris por dia.

Com o início da guerra e a aplicação de sanções por parte das principais economias ocidentais, a Rússia deixou de conseguir vender o seu petróleo a estes níveis e o mercado perdeu um dos principais operadores, agravando-se, desta forma, a falta da oferta para dar resposta à procura.

Desde então, os combustíveis têm vindo a encarecer a um ritmo que supera em muito os actuais níveis de inflação. Entre o início da guerra e o pico atingido em Junho, o preço médio da gasolina aumentou quase 20%, enquanto o do gasóleo chegou a subir mais de 25%.

Nas últimas semanas, contudo, os preços têm vindo a registar quedas consecutivas, um movimento explicado pela desvalorização do petróleo nos mercados internacionais, que, na semana passada, registou a maior queda semanal desde Abril de 2020, penalizado pelos receios dos investidores em torno de uma recessão económica à escala global, que conduziria a uma quebra na procura.

Já esta terça-feira, as cotações da matéria-prima estão ainda a ser pressionadas pelas expectativas de recuperação do acordo nuclear do Irão, o que, a acontecer, levará a um aumento das exportações iranianas e a um crescimento da oferta disponível, contribuindo para nova descida dos preços.

Perante este cenário, o barril de Brent, negociado em Londres e que serve de referência para o mercado europeu, está agora a negociar na casa dos 97 dólares, valorizando em torno de 1%. No entanto, esta manhã, já chegou a baixar da fasquia dos 96 dólares, os níveis mais baixos em seis meses. Já o West Texas Intermediate (WTI), negociado em Nova Iorque, está a cotar na casa dos 91 dólares por barril.

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