Cartas ao director
Jô Soares e a importância do humor
Jô Soares foi uma estrela com uma luminosidade tal que não é possível quantificar a velocidade com que entrava no coração das pessoas. Sabemos como em tempos de crise, indecisão e conflitos bélicos, o humor é importante. O Astronauta sem Regime e Humor nos Tempos de Collor são dois livros quantificadores. Se é mais fácil fazer chorar do que fazer rir, fazer pensar dá elegância à vida. A intervenção cívica norteou a sua fantástica vida. Não quero saber as causas da sua morte, mas aprofundar as causas da sua vida, porque como escreveu Vinícius de Moraes em A Morte de Madrugada, “a morte é sempre desagradável”.
Ademar Costa, Póvoa de Varzim
Adeus, Jô Soares
Jô Soares – o actor, o humorista, o escritor, o músico, o dramaturgo, o tradutor – acabou de nos deixar para sempre dos palcos onde o humor era a sua constante ementa. E, perante um mundo constantemente mais mal-humorado, Jô Soares partiu na hora certa, pois fazer rir o mundo de agora era o mesmo que dar “pérolas a porcos”. Adeus, ‘meu caro Jô Soares’ até ao dia em que te possa ver na ‘dimensão espiritual’ para onde foste, uma vez que o “planeta dos homens” já não era merecedor da tua presença.
José Amaral, Vila Nova de Gaia
Partilha (i)legal de imprensa
Muito haveria para debater sobre o tema, mas por falta de espaço nesta carta e de tempo para comentar vou apenas cingir-me a um ponto. Ler o jornal no molde digital é uma manifestação clara de acesso à cultura, como até se vislumbra pela fiscalização entregue à IGAC. Permitir às pessoas carenciadas um acesso digital aos jornais seria salvaguardar um direito fundamental (cultura) e permitiria ampliar a sua instrução (outro direito fundamental), com reflexos evidentes para uma sociedade mais participativa (e, assim, fortalecer o espaço democrático), digna, livre, justa e solidária (ena, tantos direitos fundamentais). Apresento, assim, sérias dúvidas se o acesso à imprensa digital por pessoas carenciadas, como estado de necessidade, é uma ilegalidade que respeita a nossa Constituição. Interrogando, de modo propagandístico, para quando um passe social que permita o acesso à imprensa digital?
Emanuel Carvalho, Lisboa
O jardim da Parada e o excruciante metro
Excruciante: que aflige, do latim excruciare, submeter à tortura da cruz.
Como antigo técnico do metropolitano, tenho confiança que as medidas descritas no estudo de impacto ambiental e a incluir no caderno de encargos não afectariam significativamente o jardim da Parada se a fiscalização fosse rigorosa. Porém, como tantos lisboetas, devo ao jardim da Parada momentos de grande prazer. Por isso, também eu dispenso os esforços de minimização da perturbação do jardim e proponho a construção da estação noutro local. Se alguma coisa vale a experiência que tive nas obras do metro, não é aceitável a desculpa que não se pode fazer a estação nos terrenos do quartel por causa do aqueduto da Ferreira Borges. Este está à cota aproximada de 80 e o tecto da estação cerca de 70 podendo ser rebaixado, como foi estudado há uns anos para uma possível estação de Campolide junto do depósito de água, viabilizando até a visita aos vestígios arqueológicos. Por outro lado, como expresso na consulta pública, é tecnicamente desaconselhável um traçado sinuoso como o proposto com curvas de 250m, pese embora a desculpa que já não há tempo para mudar por causa do Plano de Recuperação e Resiliência.
Fernando Santos e Silva, Lisboa
A aulas obrigatórias não se pode faltar
Se estiver definido que, os alunos para frequentar o ensino português, têm obrigatoriamente de assistir a determinadas disciplinas, se o não fizeram “chumbam”, não deveria poder haver nenhuma excepção.
Se assim não acontecer seja em Música, em Ciências, em Cidadania, ou noutra qualquer disciplina, quaisquer mães ou pais adquirem o direito de ordenar que os seus filhos não frequentem o que é suposto ter de fazer, invocando convicções pessoais, familiares ou outras quaisquer. E então metade dos alunos do país vão a umas disciplinas, outra não vai a outras, e até se pode poupar em professores, em estabelecimentos de ensino, em dinheiro público para a Educação. Mas passamos de uma democracia que já não está a funcionar em condições para uma anarquia.
Augusto Küttner de Magalhães, Porto