Dar ou não dar a chucha? Eis a questão…

Em termos práticos, existem vantagens e desvantagens em dar a chucha ao bebé, daí que esta decisão caiba completamente aos pais.

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"Um dos grandes benefícios da utilização chupeta está no facto de reduzir o stress e acalmar o bebé" Zeesy Grossbaum/Unsplash

Se está a pensar se deve ou não optar por dar chupeta ao seu bebé, vou tentar ajudar a esclarecer essa dúvida de uma vez por todas, de modo a que tire partido de todas as vantagens que esta lhe possa vir a trazer no futuro e evite ao máximo aqueles pequenos incómodos que possam igualmente surgir.

Para que se saiba, e como curiosidade, o hábito de chuchar inicia-se na gravidez, por volta dos cinco meses, como um ato reflexo que depois se converte numa forma de relaxamento. A maioria dos bebés possui um forte hábito de chuchar e alguns deles por vezes começam a chuchar nos dedos muito antes de nascerem.

Além dos benefícios nutricionais, o ato de chuchar proporciona um efeito relaxante e por isso muitos pais consideram a chucha uma ferramenta indispensável, tão importante como uma fralda, lenços perfumados ou até mesmo uma cama de baloiço.

Em termos práticos, existem vantagens e desvantagens em dar a chucha ao bebé, daí que esta decisão caiba completamente aos pais.

As chuchas não são más em si, elas até podem ajudar a reduzir o risco de Síndrome de Morte Súbita Infantil (SIDS). Um dos grandes benefícios da utilização chupeta está no facto de reduzir o stress e acalmar o bebé quando este se encontra mais agitado.

Ajuda o bebé a adormecer mais facilmente e o seu descanso irá prolongar-se sem tantas interrupções durante a noite, a não ser que o bebé não seja capaz de colocar a chucha na boca sozinho e necessite de chamar a mãe ou o pai sempre que ela se perde na cama, especialmente se tiver frequentemente dificuldade em adormecer.

Vantagens da chupeta

  1. Pode servir de objeto de transição, uma vez que proporciona conforto. A chucha pode acalmar um bebé que esteja agitado, ajudando-o a sentir-se mais seguro em fases de transição. Por isso, alguns bebés sentem-se mais felizes quando estão a chuchar algo.
  2. As chupetas são descartáveis, ao contrário do que acontece com o chuchar no dedo que está sempre ao alcance do bebé, o que ajuda no momento de este a deixar (ninguém pode “livrar-se” do dedo assim tão facilmente!).
  3. Reduz o risco de morte súbita infantil.
  4. Pode aliviar o desconforto durante os voos, pois alivia a pressão dos ouvidos do bebé.
  5. Pode aliviar certas dores que o bebé possa ter.
  6. Pode ser utilizada durante um procedimento invasivo ao bebé, de forma a aliviar a sua dor ou desconforto. E nestas situações, está comprovado que mergulhar a chucha em leite materno ou água com açúcar pode acrescentar um alívio ainda maior.
  7. Pode reduzir o risco de ingestão excessiva de leite no biberão, tendo em conta que a necessidade de chuchar é muitas das vezes confundida com um sinal de fome nos bebés. No caso da amamentação por peito, a quantidade de leite ingerido não será um problema para o bebé, no entanto, as crianças com poucos meses não conseguem controlar a fluidez com que ingerem o leite por biberão com tanta facilidade, e daí o risco ser maior para estes bebés. Bebés alimentados por biberão, com uma barriga já cheia, podem tornar-se superalimentados, criando gás e vomitando logo de seguida se forem continuamente alimentados cedo demais! A chucha pode ajudar a controlar esta situação, desempenhando um papel fundamental na sua regularização.

Onde começam a surgir as primeiras dificuldades?

  1. O uso da chupeta pode interferir com a amamentação. A amamentação através do peito é um ato muito diferente de chuchar na chucha ou no biberão e alguns bebés são muito sensíveis a essas mudanças. É por isso aconselhável evitar dar a chucha ao bebé antes de ele tenha estabelecido a relação com o mamilo, se for a intenção da mãe amamentá-lo.
  2. Pode interferir com o crescimento do bebé, em alguns casos, uma vez que chuchar requer mais energia. Bebés pequenos, doentes ou com certas dificuldades podem cansar-se mais facilmente. Ou seja, o excessivo uso da chucha pode levar a uma má alimentação e a reduções de peso, em bebés já frágeis. Por outro lado, os bebés que são muito dependentes dela podem sair prejudicados na alimentação, visto que esta pode ser frequentemente atrasada pelo uso da chucha.
  3. O bebé pode criar uma dependência extrema da chucha e transformá-la na única forma de se acalmar. Por exemplo, se o bebé precisar sempre da chucha para adormecer, esta pode ser motivo de dependência e levar a que o bebé chore mais vezes a meio da noite se a chucha lhe cair da boca. Nos primeiros meses, o bebé não possui a coordenação olho-mão para a colocar novamente na boca.
  4. A chucha pode aumentar o risco das infeções nos ouvidos. Contudo, estes riscos são menores nos primeiros seis meses de vida, altura na qual o risco de SIDS é maior e quando provavelmente o bebé estará mais interessado na chucha.
  5. O uso excessivo da chucha pode conduzir a um atraso no desenvolvimento da fala, se o bebé andar constantemente com a chucha na boca.
  6. O uso da chupeta para além dos três anos é desaconselhado, visto que pode causar alguns problemas ao nível da dentição, como por exemplo, recessão das gengivas. Ou seja, o uso regular da chucha durante os primeiros anos de vida não causa problemas na dentição. No entanto, o seu uso prolongado e exagerado pode causar desalinhamentos ou dificultar o seu crescimento.

A ter em consideração

Desde o tipo de material até às suas formas e feitios, existem imensas variações de chuchas. Se decidir oferecer a chupeta ao seu bebé, tenha em consideração o seguinte:

  • Nunca usar nenhum acessório demasiado comprido (nada que consiga contornar o pescoço do bebé) para prender a chucha.
  • No que diz respeito a materiais: as chuchas de silicone são as mais populares, mas as de borracha também são uma boa opção.
  • Procure chupetas de fabricantes de confiança que não utilizem plastificantes tóxicos ou outros aditivos. Tente escolher uma chucha com aspeto uniforme, de forma a não possuír cavidades onde as bactérias se possam acumular.
  • Não ofereça a chucha até que o bebé tenha entre três a quatro semanas de idade.
  • Mantenha a chupeta limpa. Antes de a dar ao seu bebé limpe-a com cuidado. Até aos primeiros cinco meses de vida o sistema imunitário do bebé ainda não está suficientemente desenvolvido, pelo que deve frequentemente ferver a chucha ou passá-la pela máquina de lavar louça. Após os primeiros seis meses, pode simplesmente lavá-la com água e sabão. Resista à tentação de passar a chucha pela sua boca!
  • Se o seu bebé não estiver interessado na chucha, não force.
  • Não coloque açúcar ou outras substâncias doces na chupeta.
  • Mantenha-a num local seguro e tente substituí-la com frequência.
  • Utilize o tamanho apropriado para a idade do seu bebé.

Para terminar, uma curiosidade: sabia que a chupeta foi originalmente concebida para tocar gentilmente na ponta do nariz do bebé, tal como a mama o faz durante a fase de amamentação?

Agora é só decidir o que lhe parece mais adequado!


Psicóloga clínica especialista em bebés e fundadora da ForBabiesBrain by Clementina. A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

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