Polícias sobre postos móveis: segurança nocturna não se alcança “com uma roulotte”

Numa conferência de imprensa conjunta com o sindicato dos polícias sobre a insegurança na movida, a Associação de Bares da Zona Histórica do Porto defendeu o alargamento da videovigilância

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A esquadra móvel foi inaugurada no Porto na semana passada. No primeiro dia sofreu uma avaria DR

O corpo da Polícia de Segurança Pública está envelhecido e precisa de mais agentes para poder dar resposta às necessidades. Este é o entendimento do presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Policia (ASPP/PSP), que esta sexta-feira se juntou à Associação de Bares da Zona Histórica do Porto (ABZHP) para uma conferência de imprensa no café Guarany em torno do aumento da insegurança que as duas entidades consideram estar a ocorrer na noite do Porto e Lisboa.

Os números dizem que a criminalidade desceu em relação a outros anos. Dados lançados pelo Ministério da Administração Interna (MAI), na última semana de Julho, dão conta de que há menos 8% de casos de criminalidade geral. Se em causa estiver a criminalidade violenta e grave, adianta o MAI, houve um decréscimo de 10% em relação a 2019.

Ainda assim, tanto a ASPP/PSP e a ABZHP salientam existirem “novos fenómenos” de violência, sobretudo, à noite, nomeadamente com recurso a armas. Para dar resposta a uma potencial escalada destes fenómenos, que entende estarem a ocorrer com mais regularidade, o presidente do sindicato dos polícias, Paulo Santos, diz ser necessário apostar na prevenção.

Porém, o dirigente sindical, que sublinhou estar presente na conferência na qualidade de pessoa mandatada pelos polícias e não pela PSP, diz que esta circunstância não se resolve sem um aumento do efectivo policial nas ruas. Só que, segundo refere, não é possível fazê-lo sem um reforço de novos profissionais.

“O ministro (da Administração Interna) diz que este ano vão entrar cerca de mil polícias. E é verdade. Esquece-se é de dizer que vão sair em igual número”, salienta. Para existir uma resposta adequada às necessidades, defende um “rejuvenescimento” da corporação, mas aumentando o número de efectivos.

“Do nosso ponto de vista, o problema nunca teve a ver com as estruturas, mas sim com o efectivo para apetrechar essas esquadras”, afirmou, depois de tecer um comentário sobre as unidades móveis da PSP instaladas em Lisboa e no Porto. “Não é vender a ideia de que está tudo bem e de que tudo se vai resolver com uma roulotte”, atira. Essas unidades móveis, afirma, servem apenas para “tranquilizar Rui Moreira e Carlos Moedas”. Reforça ainda, que, como já aconteceu no passado, estas infra-estruturas não estão dotadas das condições necessárias para os agentes trabalharem, por serem frias e não disporem de uma casa de banho.

Já o presidente da ABZHP, António Fonseca, defende o alargamento da videovigilância a zonas comerciais como a Rua de Santa Catarina ou a Rua 31 de Janeiro. Recordando o recente incidente num bar da Rua do Torrinha, onde algumas pessoas ficaram feridas após um grupo de encapuzados lá ter entrado com armas de fogo, afirmou que “as forças policiais não estão a ter o devido cuidado”. Para prevenir que os clientes se afastem da movida portuense sugere uma “maior presença policial junto aos estabelecimentos” e após o seu encerramento, até ao “escoamento” de pessoas das ruas.

António Fonseca questionou ainda sobre o futuro da esquadra da PSP do Infante, que recentemente encerrou por falta de pessoal, e sobre a possibilidade do Posto de Turismo da PSP, transferido da Avenida dos Aliados para Cedofeita, poder ali ser instalado.

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