Índia aprova finalmente objectivos de redução de gases com efeito de estufa

País quer diminuir as emissões em 45% em relação aos valores de 2005 nos próximos sete anos. Em 2030, metade das necessidades energéticas indianas virá de energias renováveis, comprometeu-se o Governo de Modi.

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A Índia é o terceiro país do mundo que mais emite gases com efeito de estufa Altaf Hussain/Reuters

A Índia aprovou nesta quinta-feira um novo objectivo para a diminuição das emissões de gases com efeito de estufa. O passo aconteceu mais do que um ano depois do prazo definido pelas Nações Unidas (ONU) para os países actualizarem os seus compromissos em relação às emissões.

A nível mundial, a seguir à China e aos Estados Unidos, a Índia é o terceiro país que mais emite carbono para a atmosfera, responsável pelo efeito de estufa. Na quarta-feira, o gabinete federal da Índia aprovou o novo compromisso nacional de emissões, conhecido por Contribuições Determinadas Nacionalmente (CDN). O primeiro-ministro Narendra Modi tinha anunciado este objectivo em 2021, durante a Conferência das Partes (COP26), em Glasgow, mas a medida ainda não tinha sido formalizada.

O novo documento determina que, nos próximos sete anos, a Índia está comprometida a reduzir as emissões de carbono relativas ao seu Produto Interno Bruto em 45%, tendo em conta os níveis de 2005. Este é um aumento no corte de 10% em relação ao compromisso que o país assumiu em 2016.

O país quer ainda chegar a 2030 com metade das suas necessidades energéticas obtidas a partir de fontes renováveis, como as energias eólica e solar. Este objectivo é, também, um avanço em relação ao valor proposto anteriormente, em Dezembro de 2021, de 40%.

Sanjay Vashist, director da Rede de Acção Climática do Sul da Ásia, uma rede de organizações sem fins lucrativos, defendeu que o compromisso da Índia para reduzir as emissões é mais do que um valor justo e esperado, e é um passo bem-vindo. “A ambição demonstrada pela Índia é a posição que esperamos de todos os países desenvolvidos que, até agora, trabalharam unicamente para atribuir aos países em desenvolvimento a responsabilidade pela redução das emissões de gases com efeito de estufa”, disse o responsável à agência Reuters.

Segundo o Acordo de Paris, de 2015, os países têm de fazer uma actualização dos seus objectivos climáticos de longo termo de cinco em cinco anos. É esperado que mostrem uma maior ambição à medida que os impactos das alterações climáticas vão piorando.

“A decisão de aumentar as contribuições [as CDN] demonstra que o compromisso da Índia para dissociar o crescimento económico das emissões de gases com efeito de estufa se situa ao mais alto nível”, avançou o governo indiano num comunicado, para mostrar que pode ser possível fazer cortes nas emissões sem que tal tenha necessariamente impacto no crescimento económico.

A medida irá agora ser submetida à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas. O Governo disse ainda que quer alcançar as zero emissões de carbono em 2070, duas décadas depois daquilo que os cientistas do clima dizem ser necessário. Na Conferência das Partes de 2021, em Glasgow, a Índia foi criticada por tentar atenuar a linguagem sobre a necessidade de se reduzir a dependência do carvão, uma das fontes de energia fóssil que mais emitem dióxido de carbono.

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