Polícia sul-africana detém mais de 40 pessoas nas investigações relacionadas com a violação em grupo de oito mulheres

Já são mais de 120 os detidos, mas a polícia ainda não acusou nenhum deles de qualquer crime sexual. Por agora foram detidos por garimpo ilegal ou imigração ilegal.

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Protesto contra a violência de género na África do Sul esta quarta-feira SIPHIWE SIBEKO/Reuters

A polícia sul-africana deteve na terça-feira mais de 40 homens por suspeita de garimpo ilegal e de violação das leis de migração no país. No âmbito das investigações à violação em grupo de oito mulheres nas filmagens de um vídeo musical nos arredores de Joanesburgo, as autoridades aumentaram as suas acções contra o garimpo ilegal, por suspeitas de que alguns dos envolvidos no crime sejam homens que se dedicam a esta actividade em minas abandonadas na região de Krugersdorp e de Joanesburgo.

A polícia continua a pedir a todas as pessoas da região que tenham testemunhado o crime ou possuam alguma informação que possa levar à identificação do grupo que assaltou a equipa de produção e violou as modelos na passada quinta-feira que contactem as autoridades.

De acordo com um comunicado do tenente-general Elias Mawela, comissário da polícia da província de Gauteng, onde se localiza Joanesburgo, “a equipa de 22 pessoas – 12 homens e dez homens – estavam a filmar um vídeo musical quando foram alegadamente atacados por um grupo de homens armados vestidos com cobertores”.

O comissário dirigiu esta quarta-feira as operações com vista à captura de garimpeiros ilegais, os chamados zama zamas, muitos deles imigrantes ilegais do Zimbabwe, Malawi, Moçambique, Zâmbia. Uma operação policial de grandes dimensões que levou à apreensão de equipamento usado na mineração e à detenção das mais de quatro dezenas de homens por garimpo ilegal e permanência ilegal na África do Sul. Mawela e um grupo de polícias chegaram mesmo a entrar no poço de uma mina, enquanto outros polícias faziam raides em casas específicas, agindo por meio de informação de testemunhas.

Entretanto, os primeiros 81 detidos em relação ao caso (houve mais dois que morreram e outro que ficou ferido em confrontos com a polícia) foram apresentados a tribunal de Krugersdorp na segunda-feira, mas nenhum deles está acusado de violação, apenas de permanência ilegal no país. Entre esses detidos estão sete moçambicanos.

Todos os trâmites foram, no entanto, adiados para esta quarta-feira, de modo a que os detidos pudessem conseguir representação legal e que a polícia pudesse organizar uma sessão para que as vítimas possam identificar se entre os detidos está algum dos suspeitos do roubo, agressão e violação.

O tribunal ordenou na segunda-feira que nenhum dos homens seja identificado, nem por nome, nem por fotografia, para poder realizar os processos de identificação pelas testemunhas, mas segundo o site Eyewitness News, essa proibição poderia acabar esta quarta-feira, no caso de a polícia não conseguir organizar esse procedimento.

Segundo contou ao Sunday Times sul-africano a agente das modelos as violações duraram horas. Ela foi violada três vezes, a primeira vez atrás de uns arbustos, a segunda numa cova e a terceira à vista de todo o grupo. “Estavam sempre a dizer aos mais jovens para nos violarem e batiam-lhes com força para o fazerem”, contou.

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