“Não podemos ficar parados enquanto o Partido Comunista Chinês continua a ameaçar Taiwan”

Nancy Pelosi escreveu um artigo para o The Washington Post a explicar o motivo da sua viagem à ilha, que enfureceu a China e causou embaraço à Casa Branca.

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A visita de Pelosi levou muitas pessoas às ruas de Taiwan em manifestações de apoio, mas houve também protestos contra a sua presença ANN WANG/Reuters

Estava Nancy Pelosi a pôr o pé na pista do aeroporto de Taipé, em Taiwan, quando o The Washington Post publicou um artigo da sua autoria a explicar os motivos de uma visita que a China encarou com fúria e que também causou mal-estar nos Estados Unidos.

“Não podemos ficar parados enquanto o Partido Comunista Chinês continua a ameaçar Taiwan – e a própria democracia”, escreve Pelosi no artigo, que também está disponível na edição impressa do PÚBLICO desta quarta-feira.

A presidente da Câmara dos Representantes americana descreve Taiwan como “uma ilha de resiliência” e “líder em governação” em várias áreas, como na resposta à pandemia, na conservação ambiental e na economia. “No entanto, perturbadoramente, esta democracia vibrante e robusta – considerada uma das mais livres do mundo pela Freedom House e orgulhosamente liderada por uma mulher, a Presidente Tsai Ing-wen – está sob ameaça”, escreve Pelosi.

A política norte-americana tem a preocupação de sublinhar, tanto para a audiência interna como externa, que a sua visita é “uma das várias delegações do Congresso à ilha” e que “de forma alguma contradiz a política de longa data de uma só China”, sublinhando que “os Estados Unidos continuam a opor-se aos esforços unilaterais para mudar o statu quo”.

No entanto, Pelosi também acrescenta críticas ao regime chinês. “O péssimo historial dos direitos humanos por parte de Pequim e o desrespeito pelo Estado de direito continuam, enquanto o Presidente Xi Jinping fortalece o seu poder”, escreve, dando como exemplos Hong Kong, o Tibete e Xinjiang, onde “Pequim está a cometer genocídio contra os uigures muçulmanos e outras minorias”.

A visita de Nancy Pelosi a Taiwan, que se iniciou na terça-feira à noite (tarde em Portugal) e prosseguiu esta quarta-feira com um encontro com o parlamento e a Presidente da ilha, causou embaraço na Casa Branca, com vários responsáveis a multiplicarem-se em explicações de que a speaker tem independência para decidir onde se desloca.

Na imprensa norte-americana, incluindo no próprio The Washignton Post, onde a direcção chama “insensata” à visita de Pelosi, são vários os editoriais e artigos de opinião que criticam a presidente da Câmara dos Representantes. Alertam para o risco de aumento da confrontação entre os EUA e a China, que pode sentir-se inclinada a alinhar mais com a Rússia e a fornecer a Moscovo o material militar necessário para vencer a guerra na Ucrânia.

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