Luís Montenegro pede ao Governo para “acudir às famílias” carenciadas nas despesas com energia

Líder do PSD fez críticas ao Governo em questões como o SNS, o SIRESP e a energia.

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O líder do PSD, Luís Montenegro, fez críticas ao Governo LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O líder do PSD pediu na segunda-feira ao Governo um programa para acudir às famílias com grandes necessidades para pagar as suas despesas, incluindo a electricidade. “Estamos com uma cobrança de receita fiscal absolutamente histórica, muito acima daquilo que o Governo estimava no Orçamento do Estado, e é preciso acudir ao drama de muitas famílias que não têm dinheiro para pagar as suas despesas principais, incluindo a de electricidade”, afirmou Luís Montenegro, em Pombal, distrito de Leiria.

O presidente social-democrata renovou “o apelo para que o Governo tenha um programa que, para além da oscilação que o próprio mercado tem ao nível dos preços, possa acudir àquelas famílias que têm grandes necessidades, vulnerabilidades, para pagar o básico, a alimentação, os combustíveis e também a electricidade”.

O presidente da Endesa, Nuno Ribeiro da Silva, disse, em entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1, que a electricidade vai sofrer um aumento de cerca de 40% já nas facturas de Julho, e que esse aumento é justificado pelo mecanismo ibérico para controlar o preço do gás na produção eléctrica.

O secretário de Estado da Energia, João Galamba, esclareceu, entretanto, que é impossível verificar-se um aumento de 40% na fatura da energia através deste mecanismo: “Ao contrário do que disse o presidente da Endesa, não há nenhuma subida de 40%. Se está a falar sobre ofertas comerciais da própria empresa, só o próprio poderá dizer”.

Sobre as explicações do executivo liderado pelo socialista António Costa, Luís Montenegro afirmou que “a palavra do Governo tem uma validade muito curta”.

Já sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS), Luís Montenegro, considerou que o Governo está “incapaz de suster a degradação do SNS” ao comentar a promulgação do seu estatuto. “Em primeiro lugar, há ainda muita matéria que vai ser regulamentada e, portanto, este é um instrumento legislativo que, por si só, não resolve coisa nenhuma. Em segundo lugar, independentemente destas alterações legislativas, a verdade é que o Governo está absolutamente incapaz de suster a degradação do Serviço Nacional de Saúde e na capacidade de resposta dos serviços de saúde”, afirmou Luís Montenegro, em Pombal (Leiria).

O social-democrata defendeu ser necessário “dar uma palavra de tranquilidade e de segurança às pessoas”, mas que não é aquela que ouviu “por parte dos membros do Governo relativamente ao encerramento de urgências, nomeadamente na obstetrícia e na ginecologia, que é dizer “bom nós estamos a tentar e estamos à espera com um ato de fé que o tempo resolva a situação"”.

“Há um problema estrutural no Serviço Nacional de Saúde. Há um problema de recrutamento de pessoas, de pessoal médico e não só”, apontou, assinalando que nos últimos meses se tem “acentuado muito o resultado de vários anos de falta de política na área da saúde” e “só não vê quem não quer ver”.

O líder do PSD exemplificou que “há cada vez mais listas de espera, pessoas que não têm uma resposta quando necessitam, seja numa consulta, seja numa cirurgia, seja numa urgência”.

“Há um desinvestimento global, mesmo que o Governo venha dizer que está a gastar mais dinheiro. Se está a gastar mais dinheiro é porque está a gastar mal ou não está, pelo menos, a saber gerir o sistema”, referiu, atribuindo esta situação “como epílogo de vários anos de políticas que estão muito marcadamente ideológicas do ponto de vista da estatização de todo o serviço público que é prestado aos cidadãos”, argumentou.

Acusando o Governo liderado pelo socialista António Costa de só pensar no Estado e na máquina do Estado, Montenegro contrapõe a necessidade de pensar nos cidadãos, naqueles que não têm meios para ir à procura da resposta que não encontram nos serviços públicos”.

“Isso faz-se com uma complementaridade entre os regimes público, social e privado”, defendeu, adiantando que o executivo “não tem capacidade para responder à exigência que o momento trouxe do ponto de vista da ineficácia dos serviços públicos como um todo”.

O dirigente elencou a segurança e o “episódio absolutamente insólito que foi criar as chamadas esquadras móveis e estavam avariadas logo as primeiras” e ainda a educação, “quando, no final do ano lectivo, vários milhares de alunos não tinham um professor, pelo menos”.

"Humildade” no SIRESP

Ainda sobre o Governo, Montenegro exigiu ao Governo a humildade para reconhecer o que está mal com o Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP) e as diligências para ultrapassar a situação. “Exige-se ao Governo, não só a humildade de reconhecer aquilo que está mal, como as diligências para ultrapassar aquilo que está mal”, disse aos jornalistas o líder do PSD.

Questionado sobre se ficou satisfeito com as explicações do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, sobre as falhas no funcionamento do SIRESP nos incêndios na região de Leiria em Julho, Luís Montenegro considerou que “há um padrão que, infelizmente, começa a ganhar demasiada rotina no Governo”.

“É que sempre que há um problema, a culpa é de toda a gente menos do Governo. Há um problema no SIRESP, as pessoas que estão no terreno, os bombeiros, os operacionais, são elucidativos e inequívocos a apontar esses problemas e vem o Governo e diz que as pessoas é que não sabem utilizar os meios de comunicação”, declarou.

O presidente do PSD adiantou que o ministro, assim como a secretária de Estado da Protecção Civil, Patrícia Gaspar, estiveram muito mal “ao quererem responsabilizar as pessoas por uma falha que, evidentemente, é uma falha do sistema, que, há vários anos, tem notado estas insuficiências e sobrecargas nos momentos de maior aflição”.

“E, portanto, aquilo que eu gostaria era que o Governo assumisse a sua responsabilidade e não endossasse às pessoas. Parece que é sempre culpa de toda a gente, menos do Governo”, adiantou.

A rede SIRESP é a rede de comunicações exclusiva do Estado Português para o comando, controlo e coordenação de comunicações em todas as situações de emergência e segurança, segundo o seu sítio na Internet.

A Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC) esclareceu a semana passada que a rede de comunicações SIRESP teve “constrangimentos pontuais” durante os incêndios em Leiria este mês, que foram “colmatados” rapidamente.

“No período temporal em que ocorreram três incêndios de grande dimensão no distrito de Leiria, foram reportados à ANEPC constrangimentos pontuais na rede SIRESP, motivados por uma sobrecarga da rede devido a uma deficiente utilização da mesma, e não associados a qualquer problema da estrutura da rede”, referiu a ANEPC numa informação enviada à agência Lusa.

No domingo, José Luís Carneiro admitiu que houve “picos de congestionamento” nas chamadas, mas recusou que o SIRESP tenha falhado nos incêndios de Leiria.

Contra o racismo e a xenofobia

O líder do PSD repudiou as manifestações de racismo e xenofobia, salientando que são formas de actuar que não se enquadram com os valores e princípios do partido. “Todas as manifestações de racismo e xenofobia merecem o repúdio do PSD. São formas de actuar que não se enquadram com os nossos valores e com os nossos princípios”.

A actriz, modelo e apresentadora brasileira Giovanna Ewbank denunciou nas redes sociais que os seus filhos foram vítimas de racismo num restaurante na Costa de Caparica. Uma família de turistas angolanos que estavam no local também terá sido vítima de racismo por parte de uma mulher que foi detida pelas autoridades, mas que, entretanto, foi libertada. Luís Montenegro declarou desconhecer este caso em concreto.

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