Kim Jong-un garante estar preparado para mobilizar as suas forças nucleares

Retórica crescentemente agressiva por parte do líder norte-coreano pode indiciar um novo teste nuclear iminente. Kim teceu fortes críticas ao novo Presidente sul-coreano.

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Kim Jong-un fez discurso agressivo para assinalar aniversário do fim da Guerra da Coreia EPA/KCNA

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, disse que o país está preparado para mobilizar as suas forças nucleares e capaz de lidar com qualquer ameaça militar. No aniversário do fim da Guerra da Coreia, Kim também disparou fortes críticas contra o novo Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol.

“As nossas Forças Armadas estão amplamente preparadas para responder a qualquer crise e a capacidade de dissuasão nuclear da nossa nação está também totalmente preparada para mobilizar toda a sua força”, declarou Kim, num discurso divulgado pela agência oficial KCNA.

As palavras do líder norte-coreano foram proferidas na quarta-feira, na data em que se assinalou o 69.º aniversário do fim do conflito inter-coreano, entre 1950 e 1953. Apesar de as hostilidades terem terminado com um armistício, e não com um acordo de paz formal, a propaganda norte-coreana refere-se à data como o “Dia da Vitória” e costuma comemorá-lo com paradas militares e grandes festejos populares, diz a BBC.

Como é habitual em vários dias com significado histórico para a mitologia política norte-coreana, Kim Jong-un aproveita para enviar mensagens aos seus principais adversários, geralmente carregadas de ameaças e garantias de poderio militar. No entanto, alguns analistas olham para a conduta mais recente do regime como indicativa de que poderá estar em equação um novo teste nuclear.

Desde o início do ano, a Coreia do Norte já realizou 31 testes balísticos, o que representa um número recorde. O Governo sul-coreano considera que existe a possibilidade de que Pyongyang realize um novo ensaio nuclear, embora responsáveis militares não coincidam nesta avaliação, diz a Reuters.

A realização de um teste nuclear, que seria o sétimo desde que o programa nuclear norte-coreano foi iniciado, representaria um passo significativo na elevação da tensão militar na região. Desde 2017 que a Coreia do Norte não faz ensaios de armas nucleares – apenas de mísseis de longo e médio alcance. A moratória imposta pelo próprio regime coincidiu com um período de aproximação diplomática com Seul, mas nos últimos tempos acumulam-se os sinais de que esse progresso pode estar prestes a ser desperdiçado.

No seu discurso, Kim visou pela primeira vez o novo Presidente sul-coreano, criticando a sua “política conflituosa revoltante”. Em causa está a alegada retoma de um plano secreto, conhecido como “Kill Chain”, que consiste na realização de ataques preventivos contra a Coreia do Norte em caso de se detectar a possibilidade de um ataque contra o Sul, e que inclui a eliminação da cadeia de comando em Pyongyang.

“Um plano tão perigoso será imediatamente castigado por uma força poderosa e o Governo de Yoon Suk-yeol, assim como o seu Exército, serão aniquilados”, afirmou Kim.

O gabinete presidencial sul-coreano lamentou as declarações “ameaçadoras” de Kim e garantiu que Seul tem capacidade para responder “com força e eficácia” a qualquer provocação. “Mais uma vez apelamos à Coreia do Norte para seguir no caminho do diálogo de forma a alcançar uma desnuclearização substantiva e a paz”, afirmou a porta-voz Kang In-sun.

A aparente degradação das relações entre as duas Coreias, associada à inexistência de qualquer política norte-americana para lidar com o regime norte-coreano, não permite antever progressos significativos rumo ao objectivo de Washington e dos seus aliados de neutralizar o programa nuclear de Kim Jong-un.

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