Catedral temporária de Port-au-Prince incendiada em confrontos entre gangues rivais

Arquidiocese da capital haitiana fala em fogo posto. A polícia teve dificuldade em aceder ao local por causa da presença de homens armados.

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Port-au-Prince é uma cidade que vive a ferro e fogo RALPH TEDY EROL/Reuters

A catedral temporária de Port-au-Prince, construída depois do desmoronamento da catedral original no terramoto de 2010, foi incendiada na quarta-feira durante confrontos entre grupos armados, que transformaram a baixa da capital haitiana numa zona de guerra.

“A catedral de transição de Port-au-Prince foi vítima de fogo posto”, informou o porta-voz da arquidiocese da capital haitiana, Marc-Henry Simeón, citado na página de Facebook da Planet Press.

Simeón explicou que no momento do incêndio não havia ninguém no edifício, por isso, não há qualquer registo de mortos ou feridos. Onde se registaram feridos foi em consequência de balas perdidas durante o tiroteio entre gangues rivais.

A polícia teve muitas dificuldades em intervir devido à presença de homens armados que impediam o acesso à zona.

O Haiti vive num contexto marcado pela insegurança social, com uma parte da capital, a Cité Soleil, com mais de 200 mil habitantes, completamente nas mãos de bandos de delinquentes rivais que disputam o seu território constantemente pela via das armas.

Os confrontos entre gangues na capital haitiana vêm expor e acentuar ainda mais a permanente crise institucional, social e económica vivida no país das Caraíbas, que se acentuou desde o assassínio do Presidente Jovenel Moise por mercenários, em Julho do ano passado.

Em Junho deste ano, um grupo criminoso conseguiu tomar o Palácio da Justiça, expulsando os funcionários judiciais, ferindo um magistrado e roubando vários computadores.

De acordo com as Nações Unidas, entre 8 e 17 de Julho há registo de 471 pessoas mortas, feridas ou desaparecidas e três mil pessoas viram-se obrigadas a fugir de suas casas devido à violência, incluindo 300 crianças sozinhas que foram enviadas para uma escola.

O vazio de poder trouxe um aumento da insegurança, num país pobre em crise económica profunda, atingido por dois terramotos devastadores numa década, um em 2010 e outro em 2021. O mandato do primeiro-ministro, Ariel Henry, terminou oficialmente a 7 de Fevereiro, acentuando a crise de legitimidade do poder político. Henry é suspeito de ter mandado matar Moise.

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