Ambientalistas pedem ao Governo para acabar com poluição no rio Ocreza

Numa carta aberta, quatro associações ambientalistas afirmam que o rio está poluído devido a descargas na barragem da Marateca. E alegam que o cenário repete-se todos os anos.

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O rio Ocreza nasce em São Vicente da Beira (distrito de Castelo Branco) e desagua no rio Tejo Francisco Antunes/Wikimedia Commons

Numa carta aberta, quatro associações ambientalistas (o Movimento pelo Tejo [proTEJO], a Associação para o Desenvolvimento do Sobral Fernando [ADSF], o Movimento de Acção Ecológica [MAE] e a Plataforma de Defesa da Albufeira de Santa Águeda/Marateca [PDASA]) apelaram a Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente e da Acção Climática, para este efectivar uma acção que ponha fim à poluição no rio Ocreza, “que mais uma vez se encontra extremamente poluído neste mês de Julho”.

“Esta situação ocorre após as descargas de água na barragem da Marateca”, explicam as associações, que falam de um cenário que se repete anualmente — e que reportaram esta situação à Agência Portuguesa do Ambiente, ao Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (da Guarda Nacional Republicana) e, ainda, aos municípios de Castelo Branco, Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão e Castelo Branco.

Os ambientalistas dizem que, sempre que ocorre uma descarga na barragem da Marateca, “a água fica verde, cheira mal e apresenta uma grande concentração de espuma, com zonas azuladas, cheiro fétido e borras pretas ao cimo da água. Isso é sugestivo da presença de cianobactérias”, referem.

“As entidades alegam que a enorme descarga que efectuam na barragem da Marateca pretende manter o caudal ecológico, mas esta ocorre apenas num único momento e não com um caudal contínuo e permanente, estranhando-se esta descarga abrupta no actual ano de seca generalizada que atravessamos”, afirmam as quatro associações, realçando também que, no mês de Maio, a PDASA apresentou diversas queixas-crime ao Ministério Público por “evidentes crimes ambientais” que afectam a albufeira da Marateca. Esses crimes, sustenta essa associação, terão resultado na morte de um pato-real e três cegonhas.

Os subscritores da missiva consideram que estas descargas abruptas estão, ano após ano, a prejudicar o estado ecológico do rio Ocreza a jusante. Posto isto, a água não está a poder ser aproveitada pelas populações ribeirinhas.

Os ambientalistas pedem ao ministro do Ambiente e da Acção Climática para agir em prol da reabilitação da albufeira da Marateca. Nesse âmbito, propõem, a título de exemplo, a plantação de carvalhos e outras árvores autóctones em locais em que tenham sido abatidas e a remoção do cerejal existente nas proximidades das margens da albufeira.

Outras sugestões incluem a abertura dos acessos (antigos) ao plano de água, que foram vedados, e a criação de acessos especiais a emergências de protecção civil.

Os ambientalistas também consideram essencial a prestação de informação pública sobre aquilo que se pode (e não se pode) fazer na zona reservada de 50 metros à volta da albufeira e no plano de água.

As associações pedem ainda a Duarte Cordeiro que o Governo reveja o plano de ordenamento da albufeira e ordene a execução de intervenções na zona reservada, intervenções essas que possibilitem o pleno usufruto da albufeira com actividades desportivas e de lazer autorizadas.

O rio Ocreza nasce perto da localidade de Casal da Serra, na freguesia de São Vicente da Beira (distrito de Castelo Branco). Desagua no rio Tejo, a jusante da barragem de Fratel (freguesia do município de Vila Velha de Ródão).

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