Cartas ao director

Sobre o caos no SNS

O PÚBLICO é o jornal que compro diariamente e li atentamente, no dia 21 de Julho, o vosso dossier sobre o SNS e o estado da nação. Oito em cada dez consideram que os serviços hospitalares estão pior que antes da pandemia, é um facto, e vou relatar o que aconteceu com meu pai, de 94 anos, no dia 8 de Abril, nas urgências de São Francisco Xavier, para onde foi referenciado com uma pneumonia pelo centro de saúde.

Meu pai, 94 anos, esteve mais de 24 horas, entre as 12h de dia 8 até às 15h de dia 9, num cadeirão na urgência de S. Francisco Xavier (…). Os profissionais de saúde, poucos para tantos doentes, respondiam que tinham camas ocupadas com pessoas mais velhas que não tinham onde ficar e que tinham que aguardar resposta do sistema informático para atribuir cama. Com meu pai, dezenas de outros cidadãos, acima de 70 anos, alguns aguardavam há 48 horas! Juntamente com agentes da PSP chamados para manter a ordem, durante o dia houve desacatos.

Desde os anos 90 e seguintes que vamos a hospitais do SNS e só nos últimos anos vejo este caos, que atribuo a falta de estratégia, ausência de planeamento e má gestão. Onde está a articulação entre os ministérios da Saúde, Segurança Social e Presidência para planear e bem gerir, quando o Governo afectou ao Ministério da Saúde os antigos hospitais militares da Estrela e da Ajuda, agora desocupados e em degradação?

Ao contrário do que disse no debate do estado da nação, o Governo não conhece a realidade social do país, não tem respeito pelos mais velhos, é este um governo paritário, o que mais me indigna, será que estas ministras e os seus familiares frequentam as urgências do SNS? Tenho esperança que o nosso Presidente, que utiliza o SNS, possa contribuir para que este estado de coisas não fique ainda pior.

Maria do Carmo Figueiredo, Lisboa

Como se fosse um bordel...

Foi assim que o rabino da Comunidade Israelita do Porto (CIP) se referiu ao Ministério Público (MP), quando este fez diligências junto daquela, por causa da atribuição de nacionalidade portuguesa a todo o “bicho careta” que a pedisse, invocando ser descendente de judeus sefarditas expulsos de Portugal. O caso mais falado foi o de Abramovich, mas tem sido um “ver se te avias” de “aprovações esquisitas”. Primeiro culpado? Sem dúvida, o Estado português, que delegou esse poder na dita CIP. Atrevo-me mesmo a pensar que os advogados mancomunados com esta terão começado o seu “trabalho” já antes, nos corredores do poder. Houve nomes e ligações familiares que, mesmo negando um conluio, parecem deixar poucas dúvidas na acção efectiva.

Mas, para terminar, volto ao título que parafraseia o rabino. Pretendeu este ominar o MP, mas foi infeliz, pois que num bordel haverá uma organização idêntica à de muitas associações civis e religiosas – boa, portanto –, mas nunca uma intenção de fraude encapotada e, muito menos, de “pôr cara de santo” aquando de qualquer inspecção, sanitária ou outra.

Fernando Cardoso Rodrigues, Porto

Os imigrantes são bem-vindos

Como português defensor da Constituição da República fiquei perturbado e ofendido com a grosseira injúria aos imigrantes, no debate do estado da nação, no Parlamento, protagonizado por André Ventura. Este foi mentiroso, racista e xenófobo para com os imigrantes, atingindo a insuportabilidade na sua faceta antidemocrática e anticonstitucional, que é preciso combater. Ventura, ao atirar-se contra os imigrantes, devia ir para Odemira apanhar mirtilos ou usar as férias para andar de bicicleta a distribuir comida, como fazem aqueles estrangeiros. É um insuspeito adepto do apartheid social. A extrema-direita fascista precisa de ser desmontada e denunciada e o presidente do Parlamento fez bem em dar um “puxão de orelhas” a Ventura, defendendo a Constituição, que não permite racismo nem xenofobia. Quem dera a este dar ao país o que os imigrantes fazem por Portugal: executam o trabalho que ninguém quer e descontam para a sustentabilidade da Segurança Social. Deixaram nos seus cofres 5,2 mil milhões de euros! Negar agressivamente a imigração é ofender o Povo português, que é significativamente emigrante! (…)

Vítor Colaço Santos, São João das Lampas

Heróis todo o ano

Sabemos que as altas temperaturas decorrentes das alterações climáticas têm vindo a potenciar a ignição de incêndios cujas consequências todos conhecemos, sabendo também que todos os anos há quem se aproveite destes fatores para cometer crimes que revelam uma grande irresponsabilidade e insensibilidade, sofrimento e tragédias humanas que são as consequências dos seus atos, porque uma grande maioria dos fogos acontece por intervenção humana.

Ao longo dos anos, a triste história repete-se, porque as leis são demasiado flexíveis e a justiça morosa, pelo que o problema talvez seja o Código Penal, que deveria conter leis mais severas que, uma vez aplicadas a um ou dois pirómanos, pudessem dissuadir outros com as mesmas ideias (…). É louvável o esforço de todos aqueles que procuram combater incêndios evitando a perda de vidas humanas e bens, bem como a devastação do património florestal (…).

Américo Lourenço, Sines

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