Pichardo deu luz à madrugada e é o novo campeão do mundo

Portugal conquistou o segundo título mundial no triplo salto, com Pedro Pablo Pichardo a replicar o feito de Nélson Évora em 2007. Para ilustrar o domínio do português fica um dado claro: até o pior salto de Pichardo (entre os que foram válidos) teria sido suficiente para levar a medalha de prata.

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Reuters/DYLAN MARTINEZ

Pedro Pablo Pichardo sagrou-se nesta madrugada campeão do mundo de triplo salto. Os portugueses que quiserem torcer tiveram de fazê-lo noite fora, que a diferença horária para os Estados Unidos assim ditava, e o atleta português deu luz a esta noite de saltos, com uma marca de 17,95 metros.

Para ilustrar o domínio do português, que “esmagou” a concorrência, fica um dado claro: até o pior salto de Pichardo (entre os que foram válidos) teria sido suficiente para levar a medalha de prata e o segundo pior salto daria o ouro.

Este é o primeiro ouro mundial de Pichardo, que melhora as duas pratas que conquistou em 2013 e 2015 – na altura, ainda a representar Cuba, país onde nasceu. E o que não tinha conseguido como caribenho também não conseguiu já como português, em 2019. Para Portugal, que conquista a primeira medalha nestes Mundiais, este é o segundo título mundial no triplo salto, com Pichardo a replicar o feito de Nélson Évora em 2007.

É certo que o grande adversário deveria ser Jordan Díaz Fortún, ausente destes Mundiais, mas o facto é que o português é, neste momento, senhor de quase todo o Olimpo do triplo salto: é o campeão olímpico, é o campeão do mundo ao ar livre e só o título em pista coberta lhe escapou há quatro meses.

E na altura escapou para um atleta que nesta final não foi além de… três ensaios nulos. Lázaro Martínez, em tese o principal rival de Pichardo, afundou-se a si próprio e nem chegou às rondas finais de saltos nesta final.

Houve, portanto, caminho livre não só para o português, mas também para Hugues Fabrice Zango, do Burkina Faso, que levou a prata (17,55 metros), e o chinês Yaming Zhu, que ficou com o bronze (17,31 metros).

Começar e acabar no primeiro salto

No que diz respeito à forma como Pichardo chegou ao ouro não há muito a dizer. Em suma, o luso-cubano fez algo tão simples como selar o título mundial logo no primeiro salto.

Luís Lopes, comentador da RTP, apontou-o mesmo antes de se saber que Pichardo tinha saltado 17,95 metros. “Parece estar encontrado o campeão mundial”, previu, assim que o saltador aterrou na areia de Eugene, após uma chamada tremenda, uma boa impulsão e, sobretudo, uma grande passada na segunda fase do salto. Com tudo isto, a profecia do especialista em atletismo não tinha como falhar.

Pichardo tinha acabado de fazer a melhor marca mundial do ano e só um nível tremendo de superação dos adversários o impediria de levar “A Portuguesa” ao pódio.

O próprio atleta saberia, por certo, que tinha o título “no bolso” e pôde encarar o resto da competição com relativa tranquilidade – o objectivo, mais do que o ouro, era lutar contra si mesmo e tentar superar os 18 metros e, eventualmente, chegar a algum recorde – nacional ou mundial. Nenhuma dessas metas surgiu nos Estados Unidos.

Pichardo começou por saltar 17,92 metros e 17,57 metros, marcas que permitiriam, qualquer delas, chegar ao ouro. Apurado tranquila e claramente para as últimas rondas de saltos, Pichardo foi, a partir daí, o último a saltar nas três derradeiras tentativas.

Abdicou da primeira, fez um nulo na segunda e saltou 17,51 metros na terceira, sendo até visível o descontentamento do português com uma marca tão modesta e o “modesto” é, em Pichardo, o impossível para boa parte dos atletas.

O dito popular que aponta que os últimos são os primeiros teve nexo nesta prova. Pichardo foi o último atleta a ser apresentado em Eugene, mas é ele quem vai para casa de ouro ao peito. E, em bom português, foi “sem espinhas”.

O outro português em prova, Tiago Pereira, acabou por não conseguir apurar-se para as rondas finais de saltos e leva dos Mundiais um décimo lugar. Começou o concurso com um ensaio nulo, antes de duas marcas modestas: 16,69 metros e 16,59 – ambas abaixo da melhor marca do português neste ano, que estava em 16,90 metros.

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