Associação de Emergência Médica considera intolerável ficar mais de uma hora à espera do INEM

INEM anunciou abertura de inquérito para apurar as circunstâncias que motivaram o atraso na assistência pré-hospitalar a octogenária, que acabou por morrer.

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Manuel Roberto

A Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica (ANTEM) considera “intolerável” que alguém fique na rua uma hora e 15 minutos à espera de uma ambulância do INEM, defendendo que os serviços médicos de emergência devem ser investigados.

“É intolerável que alguém fique deitado no chão durante 1 hora e 15 minutos sem qualquer cuidado de emergência médica, violando todas as boas práticas. É intolerável que estes eventos adversos sejam constantes e que não sejam assacadas qualquer tipo de responsabilidades”, refere a associação em comunicado.

Esta associação sublinha que o caso da mulher que “esteve 1h15 estendida no chão a aguardar por uma ambulância na cidade de Lisboa” não é o único, ocorrendo “repetidamente”.

A ANTEM reagia a um artigo do Jornal de Noticias sobre uma mulher de 83 anos que caiu num passeio em Campolide, Lisboa, e esperou cerca de hora e meia pelo INEM, que não tinha ambulâncias disponíveis. A idosa acabou por morrer no hospital. Segundo o Instituto Nacional de Emergência Médica, todas as ambulâncias que foram contactadas, num total de 29 entidades, estavam ocupadas noutras missões de emergência.

A ANTEM manifesta a “mais elevada inquietação” e considera que aquilo que se vivencia nos serviços médicos de emergência deverá ser objecto de investigação por parte das entidades competente”. “É incompreensível que com os constantes episódios sórdidos não tenha ainda havido lugar a alterações no conselho de direcção do INEM, que não detém as condições mínimas para o exercício das funções”, frisa.

Segundo a associação, os serviços médicos de emergência em Portugal prestam um serviço “desigual, sobretudo nas regiões mais desfavorecidas” e os modelos de formação estão ultrapassados.

Entretanto o INEM anunciou abertura de um inquérito para apurar as circunstâncias que motivaram o atraso na assistência pré-hospitalar à octogenária. Em comunicado, este organismo diz lamentar profundamente o desfecho da situação ocorrida no passado dia 18 de Julho, em Campolide.

E explica que neste dia foram recebidas 4.715 chamadas de emergência no Centro de Orientação de Doentes Urgentes do INEM, mais 952 do que em igual período de 2021. “Concretamente em relação à cidade de Lisboa, nos primeiros seis meses de 2022 há registo de 48.410 ocorrências, um acréscimo de 23% comparativamente a 2021”, precisa o INEM.

O Instituto Nacional de Emergência Médica sublinha que “a indisponibilidade momentânea de meios no sistema é uma situação pontual, alheia à vontade de todos os intervenientes”. Neste caso em concreto o INEM refere que juntamente com os parceiros do sistema “não se pouparam a esforços para concretizar o envio de uma ambulância o mais rapidamente possível, não conseguindo, infelizmente, fazê-lo num menor espaço de tempo”.

O Sistema Integrado de Emergência Médica é constituído não só pelos meios próprios do INEM, mas também pelos meios dos parceiros bombeiros e Cruz Vermelha Portuguesa, tendo, desde o início de Junho, reforçado o dispositivo de meios para o Verão.

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