Os idos de Quinhentos são mais actuais do que se julga

Quem puder, não hesite: dê um pulo à Graça para ver uma peça que levou cinco séculos a chegar a palco, como se 1500 fosse hoje.

O título pode iludir, mas este texto não se centra em descobrimentos, ou achamentos, ou expansões e polémicas a eles associadas, mas tão-só numa peça de teatro portuguesa que levou cinco séculos a chegar a palco. E o mais curioso é que, em lugar de a vermos como anacrónica peça de museu, a ela assistimos como se a era de 1500 fosse hoje. E tivéssemos ali, entre nós, não só o seu autor, Jorge Ferreira de Vasconcelos (1515/1525-1585), mas também contemporâneos seus, como António Ferreira, Garcia de Orta, Damião de Góis, Pedro Nunes, Diogo de Teive, Francisco de Holanda ou mesmo Luís de Camões. Uma possibilidade apenas teórica, já que o texto agora em cena, a Comédia Aulegrafia, só foi publicado em 1619, mais de trinta anos após a morte do autor, e já censurada pela Inquisição – tal como tinha sucedido com as suas duas outras comédias que chegaram até aos nossos dias, a Eufrosina e a Ulyssipo, estreadas em 1995 e em 1997 pelo Teatro Maizum, um grupo seriamente empenhado na divulgação do teatro clássico português.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Comentar