Ilha de São Jorge com 303 sismos sentidos desde Março

A crise sismovulcânica começou a 19 de Março deste ano e, desde então, registaram-se mais de 43 mil sismos de baixa magnitude na ilha de São Jorge, nos Açores.

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Ilha de São Jorge, Açores PEDRO NUNES/Reuters

Um sismo foi sentido esta terça-feira na ilha de São Jorge, nos Açores, eleva para 303 os abalos percepcionados pela população e para 43.593 os registados desde o início da crise sismovulcânica, revelou o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA).

Numa nota informativa na sua página da Internet, o CIVISA indica que, pelas 00h56 locais desta terça-feira (01h56 em Lisboa), um evento de magnitude 1,6 na escala de Richter foi sentido com intensidade máxima III na freguesia de Urzelina, concelho de Velas.

Num ponto de situação, o CIVISA refere que a actividade sismovulcânica que se tem vindo a registar na ilha de São Jorge desde as 16h05 de 19 de Março “continua acima do normal, estendendo-se, grosso modo, ao longo de uma faixa desde a Ponta dos Rosais até à zona do Norte Pequeno - Silveira”.

“Até ao momento, foram registados aproximadamente 43.593 eventos de baixa magnitude e de origem tectónica”, acrescenta. Entre as 00h00 e as 10h00 desta terça-feira “foram contabilizados aproximadamente 124 sismos (um dos quais sentido)”.

Nos abalos sentidos com intensidade III na Escala de Mercalli Modificada (intensidade fraca), o abalo é “sentido dentro de casa” e “os objectos pendentes baloiçam”, sentindo-se uma “vibração semelhante à provocada pela passagem de veículos pesados”, descreve-se no site do Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA).

De acordo com o CIVISA, “globalmente, a actividade sísmica das últimas semanas apresenta uma ligeira tendência decrescente, por vezes interrompida por pequenos períodos de maior frequência e/ou energia libertada”. Actualmente, “os hipocentros [dos eventos] situam-se, no geral, a profundidades superiores a cinco quilómetros”.

“No âmbito da monitorização geodésica, os dados existentes desde o início de Abril não evidenciam deformação significativa na zona epicentral”, acrescenta-se.

A 8 de Junho, o CIVISA baixou o nível de alerta na ilha de São Jorge de V4 (ameaça de erupção) para V3 (sistema ativo sem iminência de erupção).

A ilha estava desde 23 de Março, às 15h30 (mais uma hora em Lisboa), com o nível de alerta vulcânico V4 de um total de sete, em que V0 significa “estado de repouso” e V6 “erupção em curso”, na sequência da crise sismovulcânica registada desde 19 de Março. Antes disso, tinha sido activado o alerta V2, no dia 20 de Março às 00h40, e o V3, no mesmo dia, pelas 02h40.

Não obstante a descida do alerta, “a actividade sísmica continua muito acima dos valores de referência para a região, pelo que se mantém a possibilidade de se registarem eventos sentidos”.

Segundo o CIVISA, também “não se pode excluir a eventual ocorrência de sismos de magnitude mais elevada”. “A integração da informação disponível permite concluir que as estruturas tectónicas onde se desenvolveram as erupções históricas de 1580 e 1808, e a crise sismovulcânica de 1964, no Sistema Vulcânico Fissural de Manadas, foram reactivadas, sendo de admitir que no início do fenómeno ocorreu uma intrusão magmática em profundidade”, descreve.

O CIVISA “mantém os níveis de monitorização” na ilha, ao mesmo tempo que “está a providenciar o reforço da rede de observação sismovulcânica permanente, no sentido de poder detectar sinais precursores de uma nova situação pré-eruptiva”.

O sismo de maior magnitude (3,8 na escala de Richter) desta crise ocorreu no dia 29 de Março, às 21h56.

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