Cabo Delgado: governo distrital diz que a vida voltou à normalidade em Palma

Autoridades da localidade mais próxima da bacia do Rovuma, onde o gás natural vai ser explorado, garantem que o comércio e os serviços do Estado já voltaram a funcionar.

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Depois de um fluxo de 800 mil deslocados internos em Cabo Delgado, cidadãos começam a regressar a Palma Paulo Pimenta

O governo do distrito de Palma, na província moçambicana de Cabo Delgado, garantiu que a vida voltou à normalidade naquela região, avançando que a maior parte dos serviços do Estado e o comércio já normalizaram o seu funcionamento, noticia a Lusa.

“A população sente-se segura e os comerciantes estão a voltar a estabelecer os seus negócios”, declarou Laurinda de Fátima, secretária permanente do distrito de Palma, citada esta segunda-feira pela Rádio Moçambique.

Palma foi alvo de um dos mais mediáticos ataques protagonizado pelos rebeldes que aterrorizam a província de Cabo Delgado há quase cinco anos, quando em 24 de Março de 2021 os insurgentes invadiram a sede daquele distrito, tendo provocado dezenas de mortos e feridos, bem como a fuga de milhares de pessoas.

Dezenas de civis moçambicanos, incluindo sete pessoas que tentavam fugir do principal hotel de Palma, no norte da província moçambicana de Cabo Delgado, foram mortos pelos combatentes que atacaram a vila nesse dia, afirmou, na altura, o Governo de Maputo.

“Um grupo de jihadistas penetrou, dissimuladamente, na vila sede do distrito de Palma e desencadeou acções que culminaram com o assassinato cobarde de dezenas de pessoas indefesas e danos materiais em infra-estruturas do Governo”, afirmou na altura Omar Saranga, porta-voz do Ministério da Defesa, que leu um comunicado aos jornalistas na capital, sem responder a perguntas. Nessa altura, o Daesh chegou a reivindicar o controlo da vila de Palma.

O distrito acolhe o projecto de exploração de gás natural liderado pela multinacional francesa Total, o maior investimento privado em África (na ordem dos 20 mil milhões de euros), entretanto suspenso devido à insegurança na região.

Segundo a secretária permanente de Palma, passado mais de um ano após a incursão, quase todas as instituições do Estado estão em funcionamento e, de um total de 170 estabelecimentos comerciais que existiam, 91 voltaram a operar. “As instituições do Estado estão a funcionar todas, excepto os serviços do notariado, que também vão voltar em breve”, acrescentou.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por jihadistas armados que reclamam a imposição da lei religiosa (sharia). O conflito provocou cerca de 800 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4000 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED.

Desde Julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio.

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