Limites urbanos da cidade romana de Balsa, em Tavira, estão definidos

A temporada de escavações destinadas a perceber onde se localizou e quais são as ruínas que subsistem da cidade de Balsa aprofundou o conhecimento sobre o local.

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Filipe Farinha/Lusa

A campanha arqueológica realizada na cidade romana de Balsa, em Tavira, atingiu os objectivos propostos de definir os limites do perímetro urbano e o grau de preservação das suas ruínas, revelou hoje a Câmara Municipal algarvia.

A temporada de escavações destinadas a perceber onde se localizou e quais são as ruínas que subsistem da cidade de Balsa aprofundou o conhecimento sobre o local - situado na freguesia de Luz de Tavira, numa zona de quintas privadas localizada junto à Ria Formosa - e permitiu recolher indícios de que a zona albergou, entre os séculos I e IV, um complexo de transformação de pescado, precisou a mesma fonte num comunicado.

“A campanha deste ano incidiu em terrenos da antiga Quinta das Antas, em área periférica daquela urbe romana. À semelhança de anos anteriores, os trabalhos tiveram uma componente de detecção geofísica e de escavação”, indicou a autarquia algarvia, parceira do projecto financiado pelo programa comunitário CRESC 2020 e denominado “Balsa, Searching the Origins of Algarve” [Balsa, à procura das origens do Algarve].

Coordenado pela Universidade do Algarve, em parceria com o Centro de Ciência Viva de Tavira ou a Direcção Regional de Cultura do Algarve, os trabalhos arqueológicos realizados este ano contaram com “um geomagnetómetro e um tomógrafo” operados por uma equipa da Unidad de Geodetección da Universidade de Cádis, cujos dados foram depois “cruzados” com os que tinham sido recolhidos, em campanhas anteriores, por georradar.

“Com base nestes dados procederam-se a escavações junto à Ria Formosa para conhecer detalhes sobre um importante e extenso complexo dedicado à transformação de preparados de peixe, permitindo conhecer alguns tanques, onde se produziam molhos e pastas de peixe”, adiantou a autarquia.

A mesma fonte frisou que os dados recolhidos “apontam para que estas fábricas, ou parte delas, tenham funcionado nos séculos I e II d.C., sendo controladas por uma grande e rica casa (villa) que se situava numa plataforma mais elevada a pouco mais de 100 metros”.

“Parece que, após o abandono desta villa, ainda no século II, pelo menos parte das fábricas terão continuado a funcionar até aos séculos IV ou mesmo V, de acordo com cerâmicas dessa época encontradas sob o derrube de um telhado que preencheu um dos tanques escavados”, estimou.

As escavações incidiram ainda sobre “uma divisão com um pavimento de mosaico” pertencente à casa principal do complexo e que acabou por ser afectada pela construção de uma sepultura da época cristã, revelou ainda o município.

“Séculos depois de a casa ter sido abandonada e, aparentemente, quando os restos da casa já estavam soterrados e não se viam, implantou-se uma sepultura estruturada com grandes pedras, cobertas por ladrilhos argamassados, o que obrigou a cortar um dos muros e parte do pavimento de mosaico”, explicou.

A autarquia esclareceu que a sepultura em causa tem “algumas características típicas das primeiras sepulturas cristãs” conhecidas na região, que se estabeleceram “a partir do século V”.

Com estes resultados foi possível “atingir” os “objectivos essenciais do projecto, que visavam determinar com bases científicas, o perímetro urbano da cidade romana de Balsa e o grau de preservação das suas ruínas”, enalteceu o município.

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