Mais de 38 milhões de trabalhadores europeus não têm dinheiro para férias

“As férias não devem ser um luxo, pois são cruciais para garantir a saúde e o bem-estar dos trabalhadores”, defende a Confederação Europeia dos Sindicatos (CES).

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Proporção de trabalhadores sem capacidade financeira para pagar férias cresceu em 11 países. Miguel Manso

Mais de 38 milhões de trabalhadores na Europa não podem pagar uma semana de férias apesar de terem um emprego a tempo inteiro, segundo um estudo da Confederação Europeia dos Sindicatos (CES) publicado esta segunda-feira. “As férias não devem ser um luxo, pois são cruciais para garantir a saúde e o bem-estar dos trabalhadores”, disse a vice-secretária-geral da CES, Esther Lynch, num comunicado.

De acordo com o estudo, a proporção da população que não pode pagar férias aumentou em mais da metade dos estados-membros da União Europeia (UE) desde 2019 e a proporção de trabalhadores sem essa capacidade financeira cresceu em 11 países. “A UE e os governos nacionais têm a responsabilidade de proteger a negociação colectiva como a melhor maneira de garantir que os trabalhadores possam aproveitar a vida em vez de simplesmente sobreviver”, disse Lynch. Os números são baseados numa análise de dados oficiais do Eurostat, o gabinete de estatísticas da UE, realizada pelo European Trade Union Institute, um centro de pesquisa independente da CES.

Os resultados indicam que a Roménia, com 47%, a Grécia, com 43,4%, a Lituânia, com 41%, e a Croácia, com 39,7%, eram os países com maior proporção de trabalhadores que não podiam pagar uma semana de férias em 2020. Os países com maiores aumentos percentuais, entre 2019 e 2020, de trabalhadores que não puderam viajar de férias por uma semana foram a Lituânia, com um aumento de 12,4%, a Bulgária, com 4,8%, e a Grécia, com 2,1%.

No que respeita aos valores totais, devido à elevada população, estima-se que Itália, com oito milhões, Espanha, com 4,6 milhões, e França, com 4,1 milhões, tivessem o maior número total de colaboradores que não puderam usufruir de uma semana de férias em 2020. A estes países seguiram-se a Roménia, com 3,9 milhões, e a Grécia, com 1,6 milhões de trabalhadores.

Segundo a CES, esses dados coincidiram com o aumento dos lucros das empresas europeias, o que significa que executivos e accionistas acumularam mais dinheiro, em detrimento dos trabalhadores europeus. “O aumento da desigualdade nas férias mostra que a economia europeia não está a funcionar para os trabalhadores”, acrescentou Lynch, no comunicado. “Sem um aumento salarial justo, empresários e políticos irão voltar das suas próprias férias de Verão para enfrentar um Outono de raiva, seguido de um Inverno de descontentamento”, alertou.

No ano passado 56% dos portugueses não fizeram uma viagem turística

Em Portugal, de acordo com as estatísticas do turismo de 2021 recentemente publicadas pelo INE, 56% dos residentes não fizeram uma viagem turística (definida como “deslocação para fora do ambiente habitual com pernoita mínima de uma noite”). Este é um universo inferior ao de 2020, primeiro ano da pandemia, que tinha subido para os 61%, depois dos 47% de 2019, mas é preciso recuar a 2015, ano em que ainda se fizeram sentir alguns efeitos da troika de credores na economia portuguesa, para se chegar a um nível inferior ao de 2021.

De acordo com o INE, houve mais 514,9 mil turistas residentes em 2021, com o total a subir para 4,5 milhões de indivíduos, “traduzindo uma recuperação parcial da descida registada em 2020, face a 2019, em que o número de turistas diminuiu 1,4 milhões”. No ano passado, segundo o instituto de estatística, 38,5% dos residentes “realizaram viagens tendo como destino exclusivamente o território nacional”, o que representa mais quatro pontos percentuais face a 2020 e apenas 2% (+0,4 p.p.) “efectuaram deslocações exclusivamente ao estrangeiro”. Do total de residentes, “358,5 mil (3,5%, +0,6 p.p.) realizaram viagens quer em território nacional quer fora do país”.

A principal motivação das viagens turísticas dos residentes foi o “lazer, recreio ou férias”, com 34,6% e o alojamento fornecido gratuitamente por familiares ou amigos” manteve-se como a modalidade mais utilizada nas dormidas dos residentes, concentrando 32,7 milhões de dormidas (39,6% do total, 37,8% em 2020)”. “Esta modalidade de alojamento prevaleceu tanto nas deslocações nacionais (39,3% das dormidas, 37,6% em 2020), como nas viagens para o estrangeiro (41,4% das dormidas, 40,2% em 2020)”, explica o INE, recordando que, antes da pandemia, “o alojamento em ‘estabelecimentos hoteleiros e similares’ predominava nas deslocações ao estrangeiro”.

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