Incêndios neste domingo colocaram mais de dois mil operacionais no terreno

Desde o dia 8 de Julho até às 12 horas deste domingo os incêndios em Portugal obrigaram à retirada de 939 pessoas das suas casas e de outros locais. Incêndio no Bustelo, Chaves, obrigou à retirada de 71 crianças do parque de campismo Açude.

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Entre dia 8 e 17 de Julho foram registados 1287 incêndios rurais LUSA/MIGUEL PEREIRA DA SILVA

Às 20 horas de Domingo, mais de dois mil operacionais combatiam 14 incêndios activos em Portugal continental, 11 em resolução e 41 em conclusão segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC). De acordo com informação da ANEPC estavam no terreno a combater os incêndios activos 2155 operacionais, apoiados por 625 viaturas e 21 meios aéreos.

No sábado, mais de 400 operacionais estavam mobilizados para os 11 incêndios então activos, um número ligeiramente inferior ao registado na sexta-feira à tarde, quando o combate às chamas envolvia mais de 850 bombeiros. As regiões norte e centro foram as mais fustigadas pelos incêndios este domingo.

A marcar o dia de domingo esteve um incêndio que deflagrou de manhã na localidade de Mafómedes, no concelho de Baião, no distrito do Porto, e que depois da hora de almoço voltou a estar activo com duas frentes, segundo disse à Lusa o comandante dos bombeiros locais.

Segundo Alexandre Pinto, comandante dos bombeiros voluntários de Baião, o incêndio volto a estar “activo, com duas frentes”, uma em direcção a Sedielos, no concelho do Peso da Régua (Vila Real), e outro até “à linha de cumeada da Senhora da Serra do Marão”, em Baião. Pelas 15h36, no terreno estavam 74 operacionais e 22 meios terrestres.

“Está a lavrar numa zona inacessível, não há meios aéreos porque nós não pretendemos meios aéreos, no sentido em que não é possível consolidar o trabalho dos meios aéreos com meios terrestres, porque é impossível lá chegar”, explicou Alexandre Pinto. O incêndio chegou a contar com um meio aéreo, segundo o site da Protecção Civil.

O comandante dos bombeiros de Baião disse ainda que o incêndio que deflagrou esta manhã em Mafómedes “é uma parte do incêndio de sexta-feira que começou no Alto dos Padrões”, no mesmo concelho.

A meio da tarde, um incêndio na freguesia de Carnide, em Pombal, cortou a auto-estrada A1 ao quilómetro 145 nos dois sentidos. Estavam às 14 horas no local 148 operacionais, 40 veículos e seis meios aéreos. A circulação apenas foi retomada por volta das 17h30, quando o incêndio entrou em fase de resolução.

Porém, o incêndio mais preocupante ocorreu no Fundão. O fogo deflagrou ao início da tarde na freguesia de Fatela e às 19 horas estavam no teatro de operações 330 bombeiros, 97 viaturas e cinco meios aéreos. “Estamos perante duas frentes de vários quilómetros. Uma que entrou na freguesia de Pêro Viseu e, neste momento, ainda ameaça casas à volta do núcleo urbano de Pêro Viseu e de uma [aldeia] anexa chamada Vales de Pêro Viseu, sendo que essa frente já ultrapassou os limites do concelho do Fundão e entrou no concelho da Covilhã”, adiantava o presidente da Câmara Municipal do Fundão, Paulo Fernandes.

Foi também ontem realizado o funeral de André Serra, piloto de combate aos incêndios, que morreu sexta-feira após a queda da aeronave que pilotava, numa vinha da Quinta do Crasto, em Castelo Melhor, concelho de Foz Coa, distrito da Guarda.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, participou na missa de corpo presente, na capela da Força Aérea, em Lisboa. O Governo esteve representado nas cerimónias fúnebres pelo ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro. O funeral seguiu cerca das 14h para o cemitério de Barcarena, Oeiras, onde o corpo do piloto foi cremado.

O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), que investiga as circunstâncias do acidente que vitimou André Serra, remeteu para esta segunda-feira a publicação de “uma nota informativa dando conta dos factos apurados, conforme confirmados até essa data, e dos passos seguintes da investigação”.

Desde o dia 8 de Julho até às 12 horas deste domingo os incêndios em Portugal obrigaram à retirada de 939 pessoas das suas casas e de outros locais. Estas ocorrências tiveram lugar nos distritos de Santarém, Leiria, Faro, Setúbal, Viana do Castelo e Vila Real. Esta última ocorrência esteve relacionada com a retirada de 71 crianças do parque de campismo Açude, devido ao incêndio no Bustelo, Chaves, que provocou danos em seis habitações, cinco das quais estavam devolutas, e em vários anexos.

Os dados da ANEPC, fornecidos ao PÚBLICO, revelam ainda que, entre o dia 8 e as 12 horas de 17 de Julho, foram registados 1287 incêndios rurais, que implicaram 44108 operacionais, 11 911 meios terrestres e 687 meios aéreos.

A lamentar, para o mesmo período de tempo há mais três vítimas que no sábado. Sobem, assim para 198 o número total de vítimas, das quais 97 foram feridos ligeiros, quatro graves e um morto, que corresponde ao piloto André Serra.

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