Escolha do próximo primeiro-ministro do Reino Unido entra em semana decisiva

Partido Conservador inicia na segunda-feira o derradeiro ciclo de votações para encontrar os dois finalistas que vão competir pelo lugar de Johnson. Há cinco candidatos e três favoritos: Sunak, Mordaunt e Truss.

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O icónico n.º 10 de Downing Street, em Londres, vai ter novo inquilino a partir do dia 5 de Setembro NEIL HALL/EPA

A eleição interna do Partido Conservador para encontrar os dois dirigentes políticos que vão lutar pelo cargo de primeiro-ministro do Reino Unido entra nesta segunda-feira na sua fase decisiva. Com cinco candidatos ainda na corrida, estão previstas mais três rondas de votações até ao dia 21, data em que o Parlamento britânico vai de férias e em que se inicia o período da contenda eleitoral aberto aos cerca de 160 mil militantes, com o nome do vencedor a ser anunciado a 5 de Setembro.

Realizadas na quarta-feira e na quinta-feira da semana passada, numa fase em que votam apenas os 358 deputados conservadores, as primeiras duas votações reduziram para cinco a lista inicial de oito candidatos ao lugar de Boris Johnson e revelaram uma tendência: Rishi Sunak, ex-ministro das Finanças, vai à frente; Penny Mordaunt, secretária de Estado do Comércio, está em segundo lugar; e Elizabeth Truss, ministra dos Negócios Estrangeiros, segue na terceira posição.

Kemi Badenoch, ex-secretária de Estado das Comunidades e da Igualdade, e Tom Tugendhat, deputado e presidente da comissão parlamentar dos Negócios Estrangeiros, partem mais atrás, e devem ser os próximos dois candidatos a serem eliminados, o primeiro deles já esta segunda-feira, ao final do dia.

A eleição tory tem sido marcada por ataques políticos e pessoais entre os candidatos, os seus apoiantes e as respectivas equipas de campanha, e dedicada, quase exclusivamente, à política de impostos que a maioria dos concorrentes promete implementar para reverter decisões estratégicas tomadas pelo Governo ao qual pertencem ou pertenciam, numa altura em que a carga fiscal e a inflação batem recordes de décadas no Reino Unido.

Com Sunak (101 votos) bem posicionado para garantir uma das vagas no duelo final, recolhendo os apoios dos deputados mais identificados com o centro-direita ou com a direita moderada, a grande incógnita é saber qual das duas candidatas – Mordaunt (83) ou Truss (64) – consegue o maior número de apoios dos representantes das facções brexiteer e neoliberal do partido.

Considerada a candidata mais próxima de Johnson – que anunciou a sua demissão há cerca de duas semanas, na sequência de uma onda de renúncias no seu Governo provocada pela forma desastrosa como geriu o último de vários escândalos que abalaram a sua liderança –, Truss tem tido, ainda assim, algumas dificuldades em agregar os votos da ala mais à direita do Partido Conservador.

Isso deve-se, em grande medida, ao tremendo impacto da candidatura de Mordaunt, com a qual Truss compete em termos programáticos e ideológicos. Considerada, à partida, uma das candidatas com menos hipóteses de sucesso, a antiga ministra da Defesa do Governo de Theresa May tem vindo a crescer a olhos vistos, depois de várias sondagens a terem definido com a favorita dos militantes, com larga vantagem, e com capacidade para derrotar qualquer adversário na derradeira votação.

Em sentido contrário, e apesar de ser um dos favoritos dos deputados, as sondagens mostram que Sunak irá ter enormes dificuldades em convencer as bases tories a votarem em si, algo que o torna apetecível, como adversário, não só para Mordaunt, mas também para Truss.

A maior incógnita da ronda eleitoral desta segunda-feira é saber para onde irão os 27 votos que Suella Braverman recebeu na segunda ronda e que levaram à sua eliminação. A procuradora-geral anunciou o seu apoio a Truss e aconselhou quem votou nela a fazer o mesmo.

Se nenhum dos candidatos à chefia do Partido Conservador e do Governo britânico desistir, estão previstas mais duas votações, nos dois dias seguintes, para se encontrarem os dois finalistas.

A terceira ronda de votações realiza-se no mesmo dia em que o Parlamento, de maioria conservadora, prevê discutir e votar uma moção de confiança, apresentada pelo Governo de Boris Johnson, a si próprio, em resposta aos planos, frustrados, do Partido Trabalhista para avançar com uma moção de censura ao primeiro-ministro e ao executivo, para tentar forçar um cenário de eleições antecipadas.

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