Incêndios em Portugal já obrigaram à retirada de 869 pessoas das suas casas

Os dados são da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC). Este sábado a preocupação foi o incêndio em Bustelo, Chaves, que sofreu uma “reactivação forte” e que estava a colocar aldeias em risco, tendo recebido um reforço de mais 111 operacionais.

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Militares da GNR do GIPS (Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro) no combate aos incêndios na zona de Leiria. Adriano Miranda

Em nove dias de incêndios em Portugal tiveram de ser retiradas das suas casas 869 pessoas. Estas ocorrências tiveram lugar nos distritos de Santarém, Leiria, Faro, Setúbal e Viana do Castelo. Os dados da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC), fornecidos ao PÚBLICO, revelam ainda que, entre o dia 8 e as 12 horas de 16 de Julho, foram registados 1177 incêndios rurais, que implicaram 40 765 operacionais, 11 028 meios terrestres e 640 meios aéreos.

A lamentar, para o mesmo período de tempo há também 195 vítimas, das quais 95 foram feridos ligeiros, quatro graves e um morto, que corresponde ao piloto de um avião anfíbio de combate a incêndios que morreu sexta-feira após a queda da aeronave que pilotava, numa vinha da Quinta do Crasto, em Castelo Melhor, concelho de Foz Coa, distrito da Guarda.

Sobre este acontecimento, em comunicado, o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) fez saber que iniciou já os trabalhos para apurar as causas do acidente e remeteu para segunda-feira a divulgação dos factos entretanto apurados.

Com as temperaturas ainda elevadas, os incêndios parecem começar a dar tréguas. Às 18 horas deste sábado, mais de 400 operacionais combatiam 11 incêndios activos em Portugal continental, menos de metade do que o registado à mesma hora na sexta-feira, segundo a Protecção Civil.

Na sexta-feira, eram mais de 850 os bombeiros mobilizados para os 14 incêndios então activos no país, um número bastante inferior ao registado na quinta-feira à tarde, quando o combate às chamas envolvia mais de 2400 operacionais.

Segundo a informação disponível na página da Internet da ANEPC, a região Norte continuou este Sábado a ser a mais afectada pelos incêndios e o fogo que lavra desde as 14h45 na freguesia de Bustelo, no concelho de Chaves, sofreu uma “reactivação forte”, depois de ter sido dado como dominado.

Às 19h45 de sábado este incêndio estava a ser combatido por 221 operacionais e oito meios aéreos, disse fonte da Protecção Civil, sublinhando que, naquele momento havia “aldeias em risco” e que a “evacuação poderá estar em cima da mesa”. Devido a esta preocupação estavam já a caminho mais 111 operacionais.

Em conferência de imprensa na sede da ANEPC, em Carnaxide, Oeiras, André Fernandes referiu que este incêndio, “o mais preocupante” em curso, afectou já uma habitação e obrigou a retirar, preventivamente, 60 crianças que se encontravam no Parque de Campismo do Açude.

Na sexta-feira, o fogo de Bustelo lavrou em zona de povoamento florestal e chegou a rodear a zona sul da zona de acolhimento empresarial de Chaves.

O dia de sábado ficou também marcado pelo incêndio em Baião. A arder desde quinta-feira, este incêndio tem-se mantido activo e, ontem durante a tarde, obrigou as autoridades a pedir um reforço de meios aéreos.

Leonel Alves, segundo comandante distrital do Porto, explicou à CNN que este incêndio tinha “vários focos distintos, nomeadamente numa encosta e que se encontra em sentido descendente a baixa velocidade”.

Segundo Leonel Alves foi necessário solicitar “uma parelha de aeronaves de asa fixa para ajudar no combate numa área em que, em alguns casos, é muito difícil ou até mesmo muito difícil a penetração de veículos terrestres e até mesmo os combatentes por via terrestre”.

Portugal continental está em situação de contingência até domingo devido às previsões meteorológicas, com temperaturas muito elevadas em algumas partes do país, e ao risco de incêndio.

A situação de contingência corresponde ao segundo nível de resposta previsto na lei da Protecção Civil e é declarada quando, face à ocorrência ou iminência de acidente grave ou catástrofe, é reconhecida a necessidade de adoptar medidas preventivas e ou especiais de reacção não mobilizáveis no âmbito municipal.

O Governo decide no domingo se prolonga a situação de contingência, que termina às 23h59, depois de ter estado em vigor durante uma semana.

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