Faltam competências económicas e democráticas nos 12 anos de escolaridade em Portugal

Dia Mundial das Competências do Jovens: “Transformar as competências dos jovens para o futuro”. É urgente dotar os alunos portugueses de competências para viverem na sociedade atual e futura.

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Daniel Rocha

No ano de 2014 a ONU declarou o dia 15 de julho como o Dia Mundial das Competências do Jovens (World Youth Skills Day - Resolution 69/145 adopted by the General Assembly on 18 December 2014).

A nova economia, ou economia baseada em conhecimento, é característica da sociedade contemporânea. Sociedade que está inserida num processo de mudança em que as novas tecnologias são determinantes e estão muito para além da mera utilização das tecnologias da informação e o acesso à Internet, pois desafiam-nos a procurar novas fontes de vantagens competitivas, como a capacidade de inovar e criar novos produtos, com uma consciência cidadã de respeito pelo outro e pelo meio ambiente. Um novo modelo de desenvolvimento social e económico.

Após terminarem o 12.º ano de escolaridade, muitos alunos ingressam no ensino superior em áreas do conhecimento diversas da área económica. Outros ingressam no mundo do trabalho. De todos eles, poucos tiveram no seu percurso académico acesso a formação que lhes permita estar munidos de competências para lidarem com as questões económicas, cada vez mais complexas.

A escola tem um papel determinante na consciencialização dos alunos de que a economia está presente no dia a dia. Para lidar com esta realidade, a escola deve promover nos alunos a literacia económica (e financeira) dotando-os das necessárias competências nesta área.

De igual modo, verifica-se que os alunos ao terminarem o 12.º ano de escolaridade apresentam poucas competências a nível da literacia democrática, porque não tiveram no seu percurso académico acesso a (in)formação que lhes permita exercer uma cidadania mais consciente, mais bem informada, para fazerem escolhas eleitorais e participarem da vida pública.

É, pois, necessário dotar os nossos alunos até ao 12.º ano de escolaridade com competências para o exercício de uma cidadania plena, assente na ética da solidariedade, na justiça social e na dignidade da pessoa humana. Uma cidadania com respeito pelos princípios e valores democráticos, alicerçada no desenvolvimento da curiosidade científica, mas também da coesão sociocultural.

É perante esta urgência de dotar os alunos portugueses de competências para viverem na sociedade atual e futura que a escola assume um papel fundamental. É importante a escola tornar-se mais atrativa e, em sintonia com as novas gerações, incorporar a sociedade do conhecimento na formação de uma cidadania democrática, que abarque todas as dimensões da nossa vida coletiva.

A escola tem um contributo determinante para que os alunos sejam cidadãos conscientes e ativos, com competências necessárias para a vida em sociedade, preparados para enfrentarem os desafios do século XXI. O que só é possível se estiverem munidos de “múltiplas literacias”, incluindo as literacias económica e democrática.

Porque, para o exercício de uma cidadania plena, faltam competências económicas e democráticas nos 12 anos de escolaridade, é urgente dotar os alunos portugueses de competências em literacia económica e literacia democrática, para viverem melhor na sociedade atual e futura.

A Aproces, enquanto Associação de Professores de Ciências Económico-Sociais, propõe-se promover junto dos alunos, pais/encarregados de educação e população em geral um conjunto de ações que irá apresentar em breve junto do Ministério da Educação, grupos parlamentares e sociedade civil.

A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico

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