Lisboa quer reforçar o combate ao consumo de álcool, tabaco e jogos entre os jovens

A Câmara de Lisboa, a DICAD e a PSP apelam aos comerciantes para uma venda responsável de substâncias psicoativas e jogos a dinheiro aos menores.

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O Cais do Sodré é uma das maiores zonas de diversão nocturna em Lisboa Nuno Ferreira Santos

Os comerciantes dos estabelecimentos que vendem álcool, tabaco e jogos sociais e que estejam em zonas frequentadas por jovens vão ser alvo de uma campanha para que estejam atentos aos clientes de forma a evitar que os menores consumam estes produtos.

A prevenção de comportamentos aditivos é o objectivo da parceria estabelecida entre a Câmara Municipal de Lisboa, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) e a 4º Divisão Policial do Comando Metropolitano de Lisboa da Polícia de Segurança Pública, que esta sexta-feira apresentaram o Projecto Venda Responsável de Álcool, Tabaco e Jogos Sociais, no Lx Factory. Para além destas entidades, são também parceiras as juntas de freguesia da Ajuda, Alcântara, Belém, Campo de Ourique e Estrela, que fazem parte do projecto-piloto.

O projecto visa tornar os comerciantes em agentes de prevenção e de promoção de saúde, fornecendo as ferramentas para a prática da venda responsável e reduzir o acesso de jovens menores de 18 anos a substâncias psicoactivas e jogos a dinheiro, como raspadinhas e totolotos. Foi no restaurante brasileiro O Boqueirão e na Mag Kiosk no Lx Factory, que quatro representantes das três entidades realizaram a primeira acção de proximidade desta parceria, junto dos comerciantes, para que tenham uma atitude pedagógica com os adolescentes e cumpram a lei.

Com o apoio de materiais informativos, como folhetos e crachás, a equipa de sensibilização irá deslocar-se a estabelecimentos comerciais e outros espaços recreativos frequentados por jovens, como cafés, bares, mercearias e casas de apostas, próximas das escolas. Para isso são efectuadas duas visitas aos estabelecimentos, onde é feita uma avaliação do conhecimento dos comerciantes a partir de alguns indicadores, como por exemplo, quantas vezes é que pedem o cartão de cidadão quando suspeitam que um cliente possa ser menor de idade. São também feitas perguntas gerais sobre a lei.

A Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências (DICAD), da ARSLVT, tem realizado acções de sensibilização no festival Rock In Rio e Luís Simões, representante desta divisão, admite que desde 2018 que o feedback por parte dos comerciantes tem sido positivo, que têm demonstrado preocupação com o bem-estar dos clientes mais jovens.

Na apresentação do projecto, Laurinda Alves, vereadora responsável pelo pelouro dos Direitos Humanos e Sociais da CML, afirmou lamentar o mindset de uma sociedade que goza com quem não bebe e pressiona os jovens a consumir bebidas alcoólicas, bem como as publicidades que apelam ao consumo irresponsável. Duas situações contra-corrente, mas podem fazer diferença no consumo.

Já o superintendente Domingos Antunes, chefe da Área Operacional do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, quer dar o exemplo e levar o projecto ao resto do país. Afirma que a abordagem aos jovens no contexto escolar é mais eficaz no combate contra os comportamentos aditivos, mas realça a sua preocupação quanto aos jogos online, como o placard, que apresentam características aditivas.

Vasco de Mello, presidente da Associação Nacional de Empresas de Lotaria e Outros Jogos de Aposta (ANELOJA) partilha da mesma preocupação e explica que apesar de alguns jogos online serem ilegais em Portugal, os jovens conseguem sempre ter acesso. Por outro lado, Hugo Vieira da Silva, da Junta de Freguesia de Campo de Ourique, diz que as raspadinhas são jogos muito viciantes, não só para os jovens, como também para os idosos devido ao estímulo-resposta que condiciona os comportamentos compulsivos.

Texto editado por Ana Fernandes

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