Loja da Google em Nova Iorque, que só tem mobiliário em cortiça portuguesa, vence prémio de design

A loja foi inaugurada em 2021 com mobiliário em cortiça assinado pelo designer norte-americano Daniel Michalik, e foi agora distinguida na categoria de impacto ambiental dos prémios NYCxDesign.

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A loja fica na 9.ª Avenida, em Nova Iorque Paul Warchol

A cortiça portuguesa percorre o mundo e até arrecada prémios. Desta vez, a primeira loja física da Google, cujo mobiliário é integralmente feito em cortiça, foi distinguida nos prémios de design de Nova Iorque. As peças de decoração foram produzidas com cortiça portuguesa fornecida pela conhecida Corticeira Amorim, com assinatura do designer Daniel Michalik.

“Beleza, carácter e sustentabilidade” terão sido os motivos pelos quais o criativo norte-americano escolheu a cortiça como matéria-prima para a loja da gigante tecnológica no bairro de Chelsea, aponta a corticeira, em comunicado. Um ano depois da inauguração, em Junho de 2021, a decoração foi distinguida na categoria de impacto ambiental dos prémios NYCxDesign 2022, destinados a reconhecer o talento de designers, arquitectos, artesãos e fabricantes da “cidade que nunca dorme”.

O edifício onde está situada a loja pretende alcançar o estatuto LEED Platinum, a categoria mais alta dentro do sistema de classificação de edifícios verdes, Liderança em Energia e Design Sustentável. Nesse sentido, a escolha para o mobiliário recaiu sobre a cortiça, “um dos materiais mais sustentáveis à face da terra”, lembra a Amorim, especialmente eficaz na “retenção de dióxido de carbono” e um material com “um inesgotável potencial de práticas circulares”.

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Há, ainda, outras vantagens no mobiliário de cortiça, sobretudo no que toca ao transporte, dada a sua leveza e resistência. Para o designer de mobiliário Daniel Michalik, a cortiça é “como uma folha em branco”, que potencia a projecção de “ideias, conceitos e experiências no material”. Além da sustentabilidade ambiental, o docente da Escola de Design Parsons destaca a componente social de utilizar este material nos seus projectos: “É uma matéria-prima saudável, na perspectiva do sistema de saúde, na perspectiva do salário justo pago pelo trabalho e, finalmente, na perspectiva da saúde de quem utiliza objectos de cortiça.”

Basta uma rápida pesquisa pelo site de Daniel Michalik para comprovar o quão fiel o artista é à cortiça nacional, já que a imagem principal é de um campo de sobreiros. “As regiões portuguesas de produção de cortiça possuem tradições agrícolas e de fabrico centenárias que nos podem ensinar como os objectos podem ser feitos de maneira mais responsável. O mobiliário reflecte um amor pela origem e pelo contexto do material”, pode ler-se na biografia da página.

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Para a loja da Google, Michalik criou, de forma exclusiva, peças como sofás, poltronas, estantes, cadeiras, balcões ou mesas de centro. O espaço conta ainda com uma zona infantil onde a cortiça deu vida a camas, escrivaninhas e mesinhas de cabeceira, a combinar o material português com o carvalho branco americano.

A colaboração da Corticeira Amorim com o designer Daniel Michalik faz parte dos 94% das vendas do grupo português para o estrangeiro. A centenária empresa familiar emprega mais de 4400 pessoas e, só em 2021, registou 837,8 milhões de euros em vendas consolidadas.

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