Euro está quase a valer o mesmo que o dólar

Depreciação da moeda única europeia face à sua congénere norte-americana pode levar a que euro e dólar se encontrem em paridade pela primeira vez em mais de 20 anos

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É necessário recuar quase 20 anos para encontrar a última vez que o euro valia o mesmo ou menos que a divisa dos EUA Dado Ruvic

O euro acentuou esta segunda-feira a tendência de perda de valor face ao dólar que se regista já há um ano e aproximou-se de forma muito significativa da paridade com a divisa norte-americana, algo que já não acontece desde 2002.

De acordo com os dados da agência Reuters, um euro valia, esta segunda-feira ao início da tarde, 1,0066 dólares, uma descida face aos 1,0183 dólares da passada sexta-feira que indicia que o regresso da moeda única europeia a um valor igual ao do dólar pode estar muito próximo.

É necessário recuar quase 20 anos, até ao final de 2002, para encontrar a última vez que o euro valia o mesmo ou menos que a divisa dos Estados Unidos da América (EUA). Depois de ter atingindo um máximo de quase 1,6 dólares em 2008, o euro tem vindo, com alguns altos e baixos, a perder progressivamente terreno face ao dólar, uma tendência que, a partir de Junho do ano passado, quando registava um valor ainda acima dos 1,2 dólares, se acentuou ainda mais.

A explicação para esta depreciação da divisa europeia está nas diferenças das expectativas dos investidores relativamente aos dois grandes blocos económicos ocidentais. Enquanto, nos EUA, a reserva federal norte-americana está já a colocar em prática uma estratégia muito agressiva de subida de taxas de juro para combater a inflação, na zona euro, o BCE está a alterar a sua política monetária de forma mais gradual, existindo o receio de que, pelos efeitos mais directos da guerra na Ucrânia, a economia europeia entre numa recessão que force o Banco Central Europeu a ser ainda mais moderado na subida das taxas de juro.

A subida forte das taxas de juro nos EUA está a tornar mais atractiva para os investidores internacionais a aposta em activos denominados em dólares, o que explica porque é que a divisa norte-americana tem vindo a apreciar-se face à grande maioria das outras moedas mundiais, incluindo o euro.

Para o Banco Central Europeu, esta perda de valor do euro face ao dólar constitui um problema adicional no combate à subida da inflação. A depreciação do euro face ao dólar torna mais caros muitos dos produtos importados que são denominados em dólares, como é o caso do petróleo. Deste modo, a zona euro arrisca-se a sofrer com mais inflação proveniente das importações, forçando o BCE, para conter a inflação e para limitar futuras perdas do euro face ao dólar, a acelerar a sua estratégia de subida das taxas de juro.

Os responsáveis do BCE já anunciaram que na reunião, que têm agendada para este mês, irão proceder a uma subida de 0,25 pontos percentuais nas taxas de juro directoras, podendo o movimento de subida ser ainda maior na reunião agendada para Setembro.

Pela positiva, uma depreciação do euro face ao dólar permite às empresas exportadoras europeias conquistarem ainda mais competitividade no mercado dos EUA.

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