Tão discreta quanto eficaz, Elena Rybakina triunfa em Wimbledon

Cazaque, nascida em Moscovo, venceu a tunisina Ons Jabeur, com os parciais de 3-6, 6-2 e 6-2.

Foto
Elena Rybakina Reuters/TOBY MELVILLE

A única diferença entre a Elena Rybakina que chegou a Londres para participar na 135.ª edição do torneio de Wimbledon, enquanto 23.ª do ranking mundial, e a Elena Rybakina que saiu do court central do All England Club como campeã, foi o Venus Rosewater Dish que levava na mão. A jogadora de 23 anos, que nunca tinha ido além dos quartos-de-final num torneio do Grand Slam, nunca, em algum momento, deixou a calma e a discrição que a caracterizam. Nem quando foi eliminando campeãs do Grand Slam como Bianca Andreescu e Simona Halep, nem quando derrotou, no derradeiro encontro, a favorita Ons Jabeur, por 3-6, 6-2 e 6-2.

“Estava super-nervosa antes e durante o encontro e estou mesmo contente por ter acabado. Nunca me tinha sentido assim. Não esperava chegar à segunda semana do torneio e agora estou aqui como vencedora”, disse a primeira tenista do Cazaquistão, homem ou mulher, a conquistar um título do Grand Slam.

Na terceira final na Era Open entre duas jogadoras que nunca tinham disputado uma final de um major, Rybakina entrou mais nervosa e sentiu dificuldades em impor o serviço. Jabeur mostrava-se confortável para discutir o ponto do fundo do court e o primeiro break apareceu no terceiro jogo. Muito confiante, Jabeur revelou-se mais sólida e fechou o set sem enfrentar break-points.

Mas o encontro mudou de feição quando, a abrir o segundo set, Rybakina aproveitou o primeiro break-point. A cazaque baixou o número de erros não forçados, voltou a servir ao nível da meia-final com Halep e a tunisina deixou de aproveitar as oportunidades de break — sete nessas duas partidas. A 3-2 do terceiro set, a cazaque serviu a 0-40, mas nem o entusiasmo do público, mais simpatizante de Jabeur, abalou a confiança de Rybakina, que ganhou cinco pontos consecutivos, num jogo que acabou por resumir a final. Ao fim de uma 1h47m, após o 23.º erro de Jabeur, Rybakina cerrou o punho, naquela que é, provavelmente, a celebração mais modesta e contida jamais vista no centenário court central.

“Foi um encontro muito difícil, mental e fisicamente. Naquele momento, não acreditava que tinha conseguido”, explicou Rybakina. Foi preciso esperar pela conferência de imprensa para a cazaque se mostrar emocionada, quando lhe perguntaram pelo reencontro com os pais, retidos em Moscovo, onde a jogadora nasceu e reside. “Provavelmente, vão sentir-se muito orgulhosos”.

Como esta edição de Wimbledon não atribui pontos para o ranking, Jabeur vai descer de 2.ª para 5.ª mundial, mas, fiel à alcunha de “ministra da Felicidade”, não está preocupada. “Este é apenas o princípio de tantas coisas...”, adiantou a primeira tenista árabe a disputar uma final de um Grand Slam.

Sugerir correcção
Comentar