Seca vai cortar 2,5% da produção europeia de cereais este ano

Últimas perspectivas agrícolas da Comissão Europeia revêem em baixa previsão de produção de cereais em 2022/23 face à campanha de 2021. Em contraste, rendimento da cultura do girassol, utilizado em óleos vegetais, deverá atingir um novo recorde nos países da UE.

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LUSA/PEDRO SARMENTO COSTA

“Na União Europeia, as condições meteorológicas estão a criar desafios adicionais à nova colheita”, com os serviços da Comissão Europeia a rever em baixa a estimativa de rendimento para alguns cereais nas últimas previsões para os mercados agrícolas do bloco económico, publicadas esta quinta-feira. Para a direcção-geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGAgri) da Comissão, “a continuação do tempo quente e seco em muitas partes da Europa é o maior risco para uma boa colheita”.

“As condições meteorológicas na UE sofreram uma deterioração na Primavera de 2022”, tendo sido observadas “condições de seca em várias partes” da União, explica a DGAgri. “Em certas regiões, a situação foi mitigada, até certo ponto, por precipitação em Junho”, mas a conclusão é que “o défice de chuva acumulado condiciona de forma negativa os rendimentos de colheita previstos” – situação que se “mantém desafiante também para as pastagens”.

Avisando que nos mercados agrícolas da UE “o tempo seco e quente colocou pressão significativa em certas culturas arvenses”, relativas aos cereais de grão utilizadas na alimentação humana e animal, incluindo pastos, Bruxelas estima agora que “produção de cereais seja 2,5% mais baixa do que em 2021”. E, relembra, a diminuição pode vir a agravar-se “se as actuais condições meteorológicas adversas, nomeadamente a seca, continuarem”.

Serão colhidos na campanha de 2022/23, estima agora Bruxelas, 286,4 milhões de toneladas de cereais, que serão compensados por um “nível mais elevado de stocks iniciais (mais 20%, para 50,1 milhões de toneladas)”.

O equilíbrio entre as reservas e aquilo que são as previsões da colheita nos próximos meses “irá assegurar o fornecimento adequado para o consumo doméstico [dentro da União] e irá igualmente, em conjunto com importações mais baixas, permitir que as exportações líquidas de cereais da União Europeia aumentem para 33,5 milhões de toneladas”.

O que irá compensar, até certo ponto, “a queda causada pelo bloqueio dos portos ucranianos” e as restrições auto-impostas por alguns países exportadores, contextualiza.

Produção de girassol em nível recorde

Por ter “necessidades de águas e de fertilizantes mais baixas” - e porque a guerra elevou os preços nos mercados internacionais a níveis nunca antes vistos por ausência da Ucrânia como fornecedora mundial –, a área de plantação de girassol para semente aumentou 7,8%, para 4,7 milhões de hectares na União, estima Bruxelas.

A produção final da campanha 2022/23 de oleaginosas (como girassol, colza, soja, entre outras) deverá “aumentar em 6,9%” em termos anuais, “ultrapassando 32,1 milhões de toneladas pela primeira vez desde 2017”. A Comissão espera que “este nível elevado de produção possa permitir compensar a perda de fornecimentos da Ucrânia”.

No caso do girassol, a produção agrícola “deverá atingir o recorde de 11,1 milhões de toneladas”, com a produção de óleo desta semente a originar um novo máximo de 4,3 milhões de toneladas na região.

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