Elena Rybakina é finalista em Wimbledon e veio de Moscovo
Desistência de Rafael Nadal, por lesão, coloca Nick Kyrgios na final do torneio britânico.
Elena Rybakina nasceu há 23 anos em Moscovo, onde ainda vive. Em 2018, depois de terminar o ensino secundário, teve de tomar uma decisão quanto ao seu futuro: voltar a estudar ou dedicar-se inteiramente ao ténis profissional. Recebeu mais de uma dezena de convites de universidades dos EUA, mas a vontade de competir falava mais alto. Só que, devido às dificuldades financeiras, precisava de convencer o pai, preocupado com a possibilidade da carreira de Elena se abreviar por uma lesão. Foi então que apareceu a federação de ténis do Cazaquistão, que ofereceu apoio financeiro em troca da mudança de nacionalidade. E foi por ser agora cazaque que Rybakina pôde competir neste torneio de Wimbledon, interdito a tenistas da Rússia e Bielorrússia, e obter o seu melhor resultado de sempre, ao qualificar-se para a final, onde vai defrontar a favorita Ons Jabeur.
Rybakina não foi a única; também os tenistas Yulia Putintseva e Alexander Bublik trocaram a nacionalidade russa pela cazaque e todos querem manter-se discretos. “Estou muito feliz por representar Cazaquistão, acreditaram em mim. Já joguei pela selecção e nos Jogos Olímpicos”, limitou-se a confirmar Rybakina. E foi realmente fora do alcance dos radares que a moscovita, actual 23.ª no ranking, chegou às meias-finais, onde desvendou a qualidade do seu ténis, para eliminar, com um duplo 6-3, Simona Halep (18.ª) – que não perdia um set em Wimbledon desde a segunda ronda da edição de 2019.
“Geralmente, tenho altos e baixos devido aos nervos, mas penso que estava mentalmente preparada e acabei por fazer uma exibição espantosa”, afirmou Rybakina, que assinou 22 winners e ganhou 67% dos pontos disputados com o seu serviço.
A outra finalista, Ons Jabeur (2.ª), também nunca tinha passado dos quartos-de-final em torneios do Grand Slam, mas a tunisina chegou a Londres com 30 encontros e dois torneios ganhos este ano, incluindo o de Berlim, em relva, onde o seu ténis variado e imprevisível sobressai.
Frente à alemã Tatjana Maria (103.ª), a tunisina venceu, por 6-2, 3-6 e 6-1, e, no final fez questão de abraçar longamente a amiga e mãe de duas filhas e ir com ela ao meio do court para partilhar os aplausos. Não é por acaso que é conhecida no seu país por ministra da Felicidade.
Entretanto, Nick Kyrgios é o tenista com ranking mais baixo desde o seu compatriota Mark Philippoussis, em 2003, a chegar ao último dia de Wimbledon e também o primeiro na Era Open sem ter de disputar a meia-final. A razão foi o abandono de Rafael Nadal, que viu agravar-se a lesão abdominal durante o quarto-de-final.
“Tenho de abandonar o torneio. Pensei nisto durante todo o dia, mas não faz sentido continuar, pois a lesão iria ficar cada vez pior. De certa forma por respeito a mim próprio, não quero ir para o campo e não me sentir suficientemente competitivo”, justificou Nadal.
O outro finalista sairá da meia-final entre o hexacampeão e vencedor das últimas três edições, Novak Djokovic (3.º), e o primeiro semifinalista britânico desde 2016, Cameron Norrie (12.º).