Festival de Avignon arranca esta quinta-feira com Ifigénia, de Tiago Rodrigues

O espectáculo integra o programa de abertura do festival francês, um dos acontecimentos mais importantes das artes performativas a nível mundial. Esta edição, a última antes de Tiago Rodrigues assumir a direcção, conta também com o coreógrafo português Marco da Silva Ferreira.

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Tiago Rodrigues começa a dirigir o Festival de Avignon em Setembro Rui Gaudencio

O Festival de Avignon inicia esta quinta-feira a sua última edição antes de o português Tiago Rodrigues assumir a direcção, precisamente com um texto do dramaturgo e encenador português, Ifigénia, dirigido pela encenadora, dramaturga e escritora francesa Anne Théron e com um elenco franco-português.

A presença portuguesa no principal festival europeu de teatro é reforçada com o coreógrafo Marco da Silva Ferreira, que estreia, este domingo, o espetáculo Førms Inførms, concebido para a companhia sul-africana Via Katlehong Dance. Ambas as peças fazem parte da programação da Temporada Cruzada Portugal-França.

Ifigénia fica em cena até dia 13, e já tem lotações esgotadas em todas as récitas. Estreada no Teatro Nacional D. Maria II, em 2015, com encenação de Tiago Rodrigues, então director artístico da instituição, o espectáculo debruça-se sobre a história da filha do rei Agamémnon, que o soberano sacrifica em nome do combate na guerra de Troia. Tiago Rodrigues transporta esta tragédia de Eurípedes para o contexto contemporâneo dos conflitos armados e seus objectivos.

A obra faz parte de uma trilogia dedicada aos clássicos gregos e, em particular, ao mito da Casa dos Atridas. Depois de Ifigénia, Tiago Rodrigues encenou Agamémnon, a partir de Ésquilo, em que a morte da filha do rei impõe-se novamente, com Clitemnestra, a mãe, a definir a vingança, assim como a relação e o destino das personagens que se cruzam na peça seguinte, Electra, também de Eurípides.

A remontagem de Ifigénia em Avignon conta com interpretações de Carolina Amaral, Fanny Avram, João Cravo Cardoso, Alex Descas, Vincent Dissez, Mireille Herbstmeyer, Julie Moreau, Philippe Morier-Genoud e Richard Sammut. Trata-se de uma co-produção do Théâtre National de Strasbourg, com a companhia Les Productions Merlin, o Teatro Nacional São João, do Porto - que acolherá a peça na próxima temporada - e ainda com instituições francesas de Brive-Tulle, La Roche-sur-Yon, Sud-Aquitain (Bayonne) e da Région Nouvelle-Aquitaine. Conta igualmente com o apoio do Ministério da Cultura de França e a parceria da France Télévisions.

A peça partilha o programa de abertura da 76.ª edição do Festival de Avignon com a adaptação de O Monge Negro, de Anton Tchekhov, pelo encenador e realizador Kirill Serebrennikov, o único cineasta russo seleccionado para o último Festival de Cannes (com o filme Tchaikovsky’s Wife). Há um ano, quando foi anunciada a escolha de Tiago Rodrigues para a direcção do Festival de Avignon, a abertura da 75.ª edição fez-se com outra encenação sua, O Cerejal, a partir de Tchekhov.

Já Marco da Silva Ferreira apresentará no festival, entre os dias 10 e 17, Førms Inførms como parte do díptico Via Injabulo, a par de Emaphakathini, do coreógrafo e bailarino franco-senegalês Amala Dianor, que a companhia Via Katlehong Dance irá interpretar. Ambas passarão pelo Teatro Rivoli em Setembro.

Nascido em 1986, em Santa Maria da Feira, Marco da Silva Ferreira trabalhou com coreógrafos como Hofesh Shechter, Sylvia Rijmer, Tiago Guedes, Paulo Ribeiro e Victor Hugo Pontes. Entre 2018-2019, foi artista associado do Teatro Municipal do Porto e, de 2019 a 2021, do Centre Chorégraphique National de Caen en Normandie.

No âmbito da Temporada Cruzada, Marco da Silva Ferreira assina ainda os espectáculos Fantasia Menor (apresentado na Normandia e em Paris), SIRI (Bordéus e Porto), Novas Conexões (Novos Links), para os alunos do Conservatório de Paris e da Escola Superior de Dança de Lisboa, e S/Corpos de Baile, criação conjunta com Tânia Carvalho para a Companhia Nacional de Bailado, que irá encerrar a temporada no Théâtre de la Ville, em Paris.

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