Renasceu o icónico Roseiral de Serralves, agora com 1862 roseiras

Para o restauro, plantaram-se 1862 roseiras de 29 variedades, com o objetivo de tornar o Roseiral de Serralves novamente um dos locais mais visitados do parque.

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O Roseiral de Serralves, que acaba de ser restaurado Paulo Pimenta

Apesar de terem nomes como Charles de Gaulle, Mildred Scheel ou Chevy Chase, são rosas, senhores, são rosas. O histórico Roseiral de Serralves foi restaurado, num projecto desenhado pelo arquitecto paisagista inglês Gerald Luckhurst, em parceria com a direcção do Parque de Serralves, no Porto. Quase cem anos desde a sua criação, renasceu “um dos maiores roseirais em Portugal”, que tem 2490 metros quadrados e recebeu agora a plantação de 1862 roseiras.

Ainda que o objectivo fosse “recriar o roseiral” original, foram utilizadas plantas do século XXI, mais resistentes a fungos e outras doenças. “Só duas roseiras históricas foram mantidas por amor à pátria”: a rosa Santa Teresinha e a belle portugaise, criada pelo francês Henri Cayeux nos primeiros anos do século XX, que foi director do Jardim Botânico de Lisboa”. “É das poucas roseiras que foi criada em Portugal”, revela Gerald Luckhurst, autor do projecto de renovação, durante uma visita guiada inaugural, aberta à imprensa, esta quinta-feira.

O projecto foi desenhado pelo arquitecto paisagista inglês Gerald Luckhurst Paulo Pimenta
Foram escolhidas as 29 variedades de rosas Paulo Pimenta
O roseiral “sempre foi um local icónico do parque” Paulo Pimenta
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O projecto foi desenhado pelo arquitecto paisagista inglês Gerald Luckhurst Paulo Pimenta

O design e a estrutura mantêm-se “tal como estavam” inicialmente, embora, como as fotografias de arquivo são a preto e branco, “mostram tudo, menos a cor das flores”. Assim, relata Gerald Luckhurst, o projecto “começou com um croquis de cores”, sendo que cada canteiro teria uma tonalidade, ou seja, “uma só variedade de roseira” –​ com excepção para as flores de pé alto.

Só após ter sido desenhada a paleta, que “servirá de referência para os próximos anos”, foram escolhidas as 29 variedades de rosas, importadas de diversos países europeus, conta Ricardo Bravo, coordenador da área de Gestão e Manutenção do Parque de Serralves.

Um “trabalho de amor"

O roseiral “sempre foi um local icónico do parque”, declara Ricardo Bravo. Porém, ao longo dos anos, tinha entrado em alguma decadência”, constata o coordenador, também envolvido na recuperação.

Apesar do Parque de Serralves remontar a 1923, é em 1932 que surgem as primeiras plantas do espaço, da autoria do arquitecto Jacques Gréber, que identificava a zona do actual roseiral como sendo uma horta. Dez anos depois, num novo levantamento, verificou-se que, afinal, tinha sido construído um roseiral. Ao longo dos anos, a área foi tendo diferentes configurações, mas para a recuperação manteve-se a original.

A intenção de renovar o espaço despontou há quatro anos. Contudo, foi em 2021 que foi dado “o passo em frente de fazer a plantação e tornar o roseiral novamente um dos locais mais icónicos e mais visitados do parque” Paulo Pimenta
Apesar do Parque de Serralves remontar a 1923, é em 1932 que surgem as primeiras plantas do espaço Paulo Pimenta
Todo o trabalho de recuperação do roseiral foi feito com mão-de-obra dos jardineiros da fundação, que aqui trabalham há muitos anos Paulo Pimenta
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A intenção de renovar o espaço despontou há quatro anos. Contudo, foi em 2021 que foi dado “o passo em frente de fazer a plantação e tornar o roseiral novamente um dos locais mais icónicos e mais visitados do parque” Paulo Pimenta

A intenção de renovar o espaço despontou há quatro anos. Contudo, foi em 2021 que foi dado “o passo em frente de fazer a plantação e tornar o roseiral novamente um dos locais mais icónicos e mais visitados do parque”, declara Ricardo Bravo.

Na recuperação não foram utilizados quaisquer químicos, asseguram os responsáveis. “O chão foi coberto com uma tela preta”, para não deixar que as ervas cresçam. E, ao aquecer a terra, eliminaram-se os fungos. As sebes, “que eram todas de buxo, tiveram de ser substituídas por outra espécie, a murta”. Além disso, ao invés da habitual casca de pinheiro, para cobrir a tela preta, foi aplicada cortiça granulada: “Por ser um material praticamente inerte, não se decompõe facilmente, é resistente a fungos”, nota Gerald Luckhurst. “Algo praticamente inédito”, garante ambos os cicerones da visita ao roseiral.

Na pérgula, a ideia é que exista um “dégradé do branco, no centro, para o vermelho nas extremidades”. A estrutura é a área que “está mais atrasada”, porque as rosas, “plantadas no Inverno passado”, ainda têm de crescer.

“Desde o primeiro momento eu estava encantado com esta ideia”, manifesta Gerald Luckhurst em relação à recuperação do espaço. “Trabalho em muitas áreas, muitos países e, aqui no Porto, tenho feito muito pouco.” Para a Fundação de Serralves, denota Ricardo Bravo, “foi muito importante toda a experiência que o Gerald traz”, em particular para garantir a longevidade e consistência do espaço.

Todo o trabalho de recuperação do roseiral foi feito com mão-de-obra dos jardineiros da fundação, que aqui trabalham há muitos anos e “viram a evolução do jardim como ninguém”, destaca Ricardo Bravo, ao que Gerald completa: “É trabalho de amor.”


Texto editado por Teresa Firmino

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