O vinho do Porto misterioso

Em 1964, José Roquette foi, pelo BES, visitar o então maior banco do mundo – o Bank of America – em São Francisco. Terá sido na Califónia que teve um contacto mais a sério com o mundo do vinho e foi com um port wine americano que pregou uma partida aos amigos

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José Roquette, fotografado na Herdade do Esporão (Reguengos de Monsaraz) daniel rocha/PUBLICO

Sair de Portugal nos anos 1960, com 24 anos, para visitar o maior banco do mundo deve ter sido uma aventura.
Foi uma viagem interessante a diferentes níveis. Deu para perceber o que se estava a fazer em termos da banca, deu para perceber a capacidade empreendedora dos açorianos, deu para me espantar com o facto de ser possível comer a qualquer uma das 24 horas do dia – por via da comunidade asiática na cidade – e, sim, deu para perceber o que era a cultura da vinha e do vinho na Califórnia.

Tendo crescido do Porto, não tinha tido contacto com o mundo do vinho?
Nem por isso.

E o que o espantou mais?
Lembro-me de uma coisa curiosa. A dada altura, encontrei numa loja uma garrafa que dizia “port wine”. Olhei para aquilo, sem perceber bem de que empresa portuguesa seria o vinho. Fiz uma ou outra pergunta e o fulano lá me disse: “Este vinho é feito cá, mas parece que há um país na Europa que também faz algo parecido.” Comprei uma garrafa e quando cheguei a Portugal juntei uns amigos ligados ao vinho, os Guedes e os van Zeller, e pedi-lhes, sem mostrar a garrafa, que dissessem de onde era o vinho: uns diziam era de Vale Mendiz, outros que era do rio Torto e outros ainda que era da margem daqui ou dali. Quando acabaram de falar eu rematei: pois é meus caros, vocês erraram todos por 9 mil quilómetros de distância.

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