Actriz Hayden Panettiere escolhe a “compreensão”, depois de sair do “fundo do poço”

Problemas com drogas e álcool, uma depressão pós-parto e uma relação abusiva marcaram os últimos anos da premiada actriz. Agora, Hayden Panettiere diz-se “grata por fazer parte deste mundo outra vez”.

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Depois de um período de “muitos altos e baixos”, Panettiere reflecte, em conversa com a People, sobre o seu caminho até ficar sóbria e feliz consigo própria Twitter @haydenpanettier

A actriz Hayden Panettiere, nomeada por duas vezes para o Globo de Ouro de Melhor Actriz Secundária pela série Nashville, falou abertamente sobre o problema de dependência de opiáceos e da depressão pós-parto que sofreu há alguns anos, bem como da relação abusiva que se seguiu. “Eu estava no topo do mundo e arruinei tudo”, admite em entrevista à revista People.

Foram tempos difíceis, que a actriz, de 32 anos, descreve agora, em contraste com a carreira, como o “fundo do poço”. Eventualmente, contudo, acabou por encontrar um “alçapão que se abriu”.

Hayden Panettiere foi à procura de ajuda, acabando por fazer terapia de trauma e tratamento hospitalar durante o último ano. “Dei muito trabalho a mim própria e tive de estar disposta a ser incrivelmente honesta”, explica a actriz, que, entre 2006 e 2010, integrou o elenco de Heroes.

Depois de um período de “muitos altos e baixos”, a também cantora reflecte, em conversa com a People, sobre o seu caminho até ficar sóbria e feliz consigo própria: “Não me arrependo nem das coisas mais feias que me aconteceram. Sinto-me incrivelmente realizada. E sinto-me como se tivesse tido uma segunda oportunidade”.

Álcool, drogas e depressão

Panettiere tinha ainda 15 anos quando tomou os primeiros antidepressivos, que chama de “comprimidos felizes”. Na altura, a actriz “não fazia ideia de que não era uma coisa apropriada, ou que porta se abriria quando se tratasse do vício”.

À medida que a sua carreira caminhava rumo ao sucesso, Panettiere bebia e tomava, de vez em quando, opiáceos. “A minha salvação é que não podia aparecer desalinhada no estúdio”, recorda. Mas, com o tempo, a situação foi “ficando fora de controlo”, pois “as drogas e o álcool tornaram-se algo com que quase não conseguia viver”.

Às drogas, juntou-se uma depressão pós-parto, depois de ter tido a filha Kaya Evdokia em 2014, fruto da sua relação com o ex-pugilista ucraniano Wladimir Klitschko​. “Foram anos muito difíceis”, recorda-se. Foi uma das razões que levou a actriz, também conhecida pelo filme Gritos 4​, ao vício do álcool.

“Nunca tive a sensação de querer fazer mal à minha filha, mas não queria passar tempo com ela”, conta à People. Na sua vida, acabou por se formar uma “cor cinzenta”, preenchida com álcool e uma relação a desmoronar-se. “Com os opiáceos e o álcool estava a fazer qualquer coisa para me sentir feliz por um momento”, mas era algo passageiro: “Estava num ciclo de autodestruição”.

No pico da sua depressão, “tinha tremores quando acordava e só conseguia funcionar com um gole de álcool”, relembra-se Panettiere. Em 2018, a actriz deu a guarda da filha ao agora ex-marido, Klitschko, que vivia na Ucrânia na altura. “Foi a coisa mais difícil que alguma vez tive de fazer”, reconhece. Mas, justifica, foi a forma que encontrou de “ser uma boa mãe” para Kaya.

Um namorado abusivo

Depois do término da sua relação com o pugilista ucraniano e de ver a filha ir para longe, Panettiere começou a namorar com o agente imobiliário Brian Hickerson. Reflectindo sobre essa altura, fala num “tempo muito escuro e complicado” da sua vida. E a actriz espera conseguir passar, depois da relação abusiva, a mensagem de “que não há problema em pedir ajuda”.

Em relação àqueles anos complicados, conta que “queria festejar e fazer tudo o que não devia fazer”. Apesar da sua paixão por actuar, recorda: “Sentia-me tão mal comigo própria que perdi a confiança em mim”. Ao mesmo tempo, o problema com a bebida ia piorando e Panettiere acabou no hospital. Aí, foi diagnosticada com icterícia: “Os médicos disseram que o meu fígado ia ceder”, conta.

Em Maio de 2019, o ex-namorado Hickerson foi acusado de violência doméstica, mas a denúncia acabou por ser retirada. O casal rapidamente reatou a relação, mas um ano depois Hickerson era detido sob oito acusações do mesmo crime.

Na altura, Panettiere disse, num comunicado partilhado no Twitter: “Estou a chegar-me à frente com a verdade sobre o que me aconteceu na esperança de que a minha história dê poder a outras pessoas em relações abusivas para procurarem a ajuda que precisam e merecem”.

De volta ao cinema

Neste momento, a actriz sente-se da mesma forma, mas diz estar a percorrer “o seu próprio caminho”. Entretanto, Panettiere e Hickerson voltaram a estar juntos em Março deste ano, em Los Angeles. “Estou aberta a pessoas que estejam dispostas a procurar ajuda e a resolver as coisas”, afirma, acrescentando que o agora amigo “foi para tratamento e cumpriu o seu tempo”.

No último ano, a actriz, de 32 anos, também entrou numa clínica de reabilitação para superar o vício das drogas e do álcool. Agora, Panettiere procura estar atenta ao seu estado mental, não esquecendo o “quão grata [está] por fazer parte deste mundo outra vez”. Quanto ao passado, diz apenas: “Estou a tentar viver num lugar de compreensão”.

Panettiere, de 32 anos, é mais conhecida pela sua participação nas séries Nashville e Heroes, tendo já sido nomeada por duas vezes para os Globos de Ouro pelo seu papel na primeira, e no filme Gritos 4​, onde representa a personagem Kirby Reed. A actriz está agora a preparar-se para o próximo filme da franquia, ​Gritos 6, com estreia marcada para 2023. ​Em Março, fundou a instituição de beneficência Hoplon International, cuja missão é angariar fundos para a Ucrânia, na sequência da invasão russa.


Texto editado por Carla B. Ribeiro

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