Butão reabre ao turismo, mas turistas têm de pagar “taxa de sustentabilidade” diária de quase 200 euros

Fechado a visitas desde a declaração da pandemia, o pequeno país dos Himalaias reabre as fronteiras em Setembro. Mas com um novo sistema de taxas e pagamentos que poderá fazer com que a estadia no país custe duas ou três vezes mais que antes.

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O mosteiro budista ParoTaktsang Palphug Buddhist, o "ninho do tigre", Paro, Butão REUTERS/Adrees Latif
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À distância: o mosteiro budista ParoTaktsang Palphug Buddhist, o "ninho do tigre", Paro, Butão REUTERS/Adrees Latif
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Buda, Kuensel Phodrang em Thimphu, Butão REUTERS/Singye Wangchuk
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Wangdue Phodrang Dzong em Thimphu, Butão REUTERS/Singye Wangchuk
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Wangdue Phodrang Dzong em Thimphu, Butão REUTERS/Singye Wangchuk
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Punakha Dzong, Punakha , Butão REUTERS/Michael Smith
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Raparigas em trajes tradicionais, Rinpung Dzong, vale de Paro, Butão REUTERS/Michael Smith
Jigme Khesar Namgyel Wangchuck
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Cidadãos seniores, em trajes tradicionais, durante um festival budista em Thimphu, Butão REUTERS/Michael Smith
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Turistas no Butão (2012), em Thimphu REUTERS/Singye Wangchuk
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Gongzok Choten, Thimphu, Butão REUTERS/Singye Wangchuk
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Festival Tsechu, em Thimphu, Butão REUTERS/Singye Wangchuk
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Um jovem monge olha pela janela de um templo do vale de Paro, Butão REUTERS/Singye Wangchuk
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Em Thimphu, capital do Butão REUTERS/Singye Wangchuk
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Monges budistas durante orações, em Tsheph, vale de Punakha, Butão Reuters/Desmond Boylan
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Vista aérea da caputal do Butão, Thimphu REUTERS/Adrees Latif

É o país onde a riqueza e a prosperidade se medem pelo índice de Felicidade Interna Bruta em vez do PIB, dos mosteiros encavalitados sobre montanhas e vales verdejantes, das tradições seculares.

Quando o país abriu pela primeira vez fronteiras a visitantes internacionais, em 1974, já a política única de turismo assentava numa simples premissa: “alto valor, baixo volume”. O retorno financeiro do turismo de massas era preterido, evidenciando-se a importância de preservar o património cultural e a natureza (a Constituição do Butão, oficialmente uma monarquia parlamentar, determina que 60% do território esteja coberto por floresta e existem leis rigorosas para manter o país com emissões negativas de carbono).

Desde então, e até a pandemia encerrar as fronteiras do país, localizado no extremo oriental dos Himalaias, era imposto aos turistas uma Taxa Mínima de Pacote Diário, actualmente de 250 dólares (dólar e euro estão praticamente em paridade). Esta taxa indexava o valor mínimo pago por dia por cada visitante por um pacote de viagem, com um itinerário preestabelecido e previamente reservado com um operador turístico registado localmente, e que incluía alojamento, refeições e guia, além de uma “taxa de desenvolvimento sustentável” paga ao governo, de 65 dólares. A medida visava, sobretudo, a preservação dos recursos naturais e a gestão do número e fluxo de turistas no país.

Agora, uma revisão da política de turismo deixa cair a obrigatoriedade de reservar um pacote pré-programado junto de um operador turístico, mas eleva a taxa de sustentabilidade para 200 dólares por dia (cerca de 197€). Aprovada no mês passado pelo parlamento do Butão, a medida vem dar maior flexibilidade ao turista, que passa a poder escolher, e reservar directamente, alojamento, restauração e visitas, entre outras despesas. Mas, na prática, vem também encarecer em muito o custo da viagem, uma vez que tudo passa a ser pago à parte.

A nova política, dizem as autoridades, enfatiza a imagem do Butão como “um destino exclusivo”, atraindo “turistas exigentes” que terão acesso a mais serviços de melhor qualidade. “A covid-19 permitiu-nos reiniciar, repensar como o sector pode ser melhor estruturado e operado, para que não só beneficie o Butão economicamente, mas também socialmente, mantendo ao mesmo tempo as pegadas de carbono baixas”, afirma Tandi Dorji, ministra dos Negócios Estrangeiros do Butão e presidente do Conselho de Turismo do país, citada pelo New York Times. “A longo prazo, o nosso objectivo é criar experiências de alto valor para os visitantes, e empregos bem remunerados e profissionais para os nossos cidadãos. ”

De acordo com as entidades governamentais, a medida anterior desencorajava gastos adicionais, uma vez que a maioria dos operadores turísticos acabava por adaptar os pacotes turísticos de forma a não exceder os 250 dólares diários, tornando o valor mínimo da política no máximo gasto pelos turistas.

“A política causou mais mal-entendidos do que compreensão e resultou na redução dos serviços que somos potencialmente capazes de oferecer”, concluía o primeiro-ministro Lotay Tshering, para quem a revisão da lei pode conduzir a uma “melhoria da qualidade dos produtos turísticos, especialmente em termos de formação dos nossos guias, na melhoria da qualidade dos nossos hotéis, restaurantes e produtos, preservando ao mesmo tempo o ambiente prístino que temos para as gerações vindouras”.

De acordo com o New York Times, entre as prioridades do governo estão o investimento em infra-estruturas de gestão de resíduos e proteger os corredores biológicos, os parques naturais e os principais bens culturais.

O turismo é um dos principais motores económicos do país, contribuindo para 6% do PIB. Em 2019, mais de 300 mil turistas visitaram o Butão, resultando numa receita de 225 milhões de dólares, de acordo com o Conselho de Turismo do país. Em 2020, até as fronteiras encerrarem em Março, chegaram ao Butão cerca de 29 mil turistas, resumindo as receitas da indústria a 19 milhões de dólares. As fronteiras reabrem oficialmente a 23 de Setembro.

Segundo a publicação norte-americana, são muitos os empresários do sector que se mostram apreensivos com a alteração da política, receando que o país se torne demasiado caro e menos atractivo para os turistas, dificultando a tão desejada retoma económica, depois de dois anos de fronteiras fechadas ao mundo.

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