Oito anos depois, Nadal reencontra Kyrgios em Wimbledon

Tenista espanhol superou problemas físicos e está nas meias-finais. Simona Halep não perde desde 2019 na relva do All England Club.

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Nadal sofreu para cheigar às meias-finais em Wimbledon EPA/KIERAN GALVIN

Mais um quarto-de-final a estender-se a um quinto set e a incerteza de quem iria defrontar Nick Kyrgios nas meias-finais de Wimbledon durou mais de quatro horas. Mas mesmo diminuído, Rafael Nadal confirmou a sua fama de competidor extremo e eliminou Taylor Fritz. E, oito anos depois de perder com Kyrgios em Wimbledon, o espanhol vai voltar a defrontá-lo, agora com um lugar na final em jogo.

Nadal (4.º mundial) começou a dar sinais de dificuldades quando deixou escapar a vantagem inicial de 3-1, cedendo cinco jogos consecutivos a Fritz (14.º). Só depois de ter novamente desaproveitado um 3-0 na segunda partida é que o espanhol de 36 anos recebeu assistência médica queixando-se da zona abdominal – que o afectava, nomeadamente, no movimento do serviço – e abanando a cabeça em negação na direcção do seu camarote.

Mas como já é hábito, Nadal viu na adversidade mais um desafio e mesmo servindo abaixo dos 160 km/h, mas com grande determinação na conclusão dos pontos, foi equilibrando o encontro que parecia estar a inclinar-se para o norte-americano de 24 anos. Só que Fritz esteve igualmente muito inconstante, em especial no serviço, e, ao fim de quatro horas de jogo, o encontro foi decidido num super tie-break. Mais experiente, Nadal ganhou os cinco primeiros pontos e controlou a vantagem até concluir com os parciais de 3-6, 7-5, 3-6, 7-5 e 7-6 (10/4).

“Gosto de disputar este tipo de encontros, perante este público. Do meu lado, não foi nada fácil. Há qualquer coisa na zona abdominal que não está bem, em vários momentos pensei que não ia conseguir terminar e tive de encontrar uma outra forma de servir”, admitiu Nadal, que não quis antecipar o duelo com um estreante em meias-finais de Grand Slams: “Primeiro que tudo espero estar pronto para jogar.”

Kyrgios (40.º) é o tenista com pior ranking e o primeiro não cabeça de série nas meias-finais de Wimbledon desde Rainer Schuettler e Marat Safin em 2008. E também o primeiro australiano a chegar tão longe no torneio britânico desde Lleyton Hewitt, em 2005.

Cristian Garin (43.º) até começou por ganhar os nove primeiros pontos do encontro e comandar por 3-1, mas foi o seu ímpeto foi desvanecendo-se. E Kyrgios venceu, por 6-4, 6-3 e 7-6 (7/5), num encontro que encerrou com 17 ases e oito de nove break-points anulados.

O australiano de 27 anos deixou transparecer as emoções, primeiro deixando-se cair no court e, já na cadeira, teve de conter as lágrimas. “Pensei que o meu barco já tinha zarpado. As coisas não aconteceram no início da minha carreira e talvez tenha desperdiçado essa abertura, mas estou orgulhoso por poder voltar”, afirmou Kyrgios, antes de revelar: “Não tenho treinador; nunca iria colocar esse fardo em alguém. Mas todos na minha equipa têm um papel importante.”

No torneio feminino, a regressada Simona Halep parece ter retomado o nível de ténis sobre relva onde o tinha deixado, em 2019, quando conquistou, aqui, o segundo título do Grand Slam – não houve torneio em 2020 e esteve ausente no ano passado devido a lesão. A romena derrotou Amanda Anisimova (25.ª), por 6-2, 6-4, em 65 minutos, e somou a 12.ª vitória consecutiva em Wimbledon – um máximo desde as 20 de Serena Williams entre 2015 e 2018.

A norte-americana de 20 anos, filha de pais russos – o pai morreu em 2020 –, reagiu a 1-5, mas não aproveitou o 0-40 no derradeiro jogo. Mesmo assim, quatro jogos foi o máximo que até agora Anisimova conseguiu ganhar num set no total dos três encontros com a romena.

“Defrontei uma adversária difícil, que pode esmagar a bola e, no final, não sabia mesmo o que fazer. Mas acreditei em mim, disse que tinha de estar forte nas pernas e elas ajudaram-me”, disse Halep (18.ª), a única campeã do torneio ainda em prova que continua sem ceder um set em Wimbledon desde a segunda ronda da campanha de 2019.

Na sexta meia-final que disputa este ano – só a líder do ranking, Iga Swiatek, tem mais (8) – Halep vai reencontrar Elena Rybakina, com quem protagonizou (e venceu, por 3-6, 6-3 e 7-6) o melhor encontro feminino de 2020, na final do Dubai. Rybakina (23.ª) é a primeira cazaque a chegar às meias-finais de um Grand Slam, depois de afastar a australiana Ajla Tomljanovic (44.ª), por 4-6, 6-2 e 6-3.

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