Novak Djokovic continua sem perder em Wimbledon

A final feminina vai ter uma tenista árabe ou uma mãe de duas filhas.

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EPA/TOLGA AKMEN

“Espelho meu, espelho meu, será Jannick Sinner melhor que eu?” Não se sabe se foram estas as exactas palavras de Novak Djokovic quando se deslocou à casa de banho após ceder os dois primeiros sets do duelo com Jannik Sinner, nos quartos-de-final de Wimbledon. A verdade é que foi depois dessa pequena conversa com o seu reflexo, que Djokovic passou a jogar à sua imagem de hexacampeão do torneio britânico e dominou por completo os três restantes sets, qualificando-se pela 11.ª vez para as meias-finais de Wimbledon.

“A ida à casa de banho foi o ponto de viragem. Tive uma pequena conversa em frente ao espelho. É verdade!”, disse Djokovic (3.º), perante os milhares de incrédulos adeptos, que testemunharam a vitória sobre Sinner (13.º), por 5-7, 2-6, 6-3, 6-2 e 6-2, em três horas e 36 minutos. O italiano, que no final de 2021, ocupou o nono lugar do ranking, ainda com 20 anos, nunca tinha vencido um encontro oficial sobre relva até uma semana atrás. Mas saiu de Wimbledon de cabeça erguida depois de se tornar no primeiro a ganhar dois sets a Djokovic em Wimbledon desde Roger Federer, na final de 2019.

“Sinner não tinha nada a perder quando veio para o encontro, mas quando liderou por 2-0 em sets, teve muito a perder e eu senti isso”, afirmou o hexacampeão Djokovic, que não perde em Wimbledon desde 2017 e nunca perdeu nenhum dos três encontros no torneio britânico em que teve de recuperar de 0-2 para 2-2 em sets.

Na 43.ª meia-final de um torneio do Grand Slam – menos três que o recordista Federer – que vai disputar, Djokovic defronta o primeiro semifinalista britânico desde 2016, Cameron Norrie (12.º).

O tenista nascido há 26 anos na África do Sul contou com o entusiástico apoio dos seus compatriotas presente no Court 1 – incluindo o príncipe Williams e a sua mulher, Kate Middleton – para superar o belga David Goffin (58.º), por 3-6, 7-5, 2-6, 6-3 e 7-5.

Há pouco mais de um ano, o britânico disputou o Millennium Estoril Open como 50.º do ranking, chegou à final e iniciou uma série de excelentes resultados que lhe permitiram ascender rapidamente no ranking mundial: terminou 2021 no 12.º posto e, há três meses, ocupou o 10.º lugar. Agora, Norrie é o apenas quarto britânico nas meias-finais masculinas de Wimbledon, depois de Roger Taylor, Tim Henman e Andy Murray.

Inédito é o feito de Ons Jabeur, que se tornou na primeira tenista (homem ou mulher) árabe ou do Norte de África a disputar uma meia-final de um Grand Slam. A tunisina eliminou a checa Marie Bouzkova (66.ª), por 3-6, 6-1 e 6-1, e vai agora decidir um lugar na final com a amiga Tatjana Maria. “Adoro muito a Tatjana, é uma grande amiga. É um dos exemplos que eu gostaria que as outras jogadoras seguissem, porque ela sofreu muito nos ‘Slams’ e olhem para ela agora”, justificou Jabeur (2.ª).

Maria (103.ª), mãe de duas filhas, é a sexta jogadora na Era Open a atingir as meias-finais de Wimbledon depois de completar 34 anos. Nos “quartos”, a veterana alemã venceu a compatriota Jule Niemeier (97.ª), 12 anos mais nova, por 4-6, 6-2 e 7-5.

“É um sonho viver isto com a minha família, com as minhas duas pequenas filhas. Há um ano que praticamente dei à luz. É de doidos”, afirmou Maria que, nos 34 majors anteriores que disputou, só por uma vez tinha ganho dois encontros consecutivos; há sete anos, em Wimbledon. 15 meses após ter sido mãe de Cecilia – irmã de Charlotte, de oito anos – é agora a quarta tenista fora do top 100 a disputar as meias-finais em Wimbledon, imitando Mirjana Lucic (134.ª, em 1999), Jie Zheng (133.ª, em 2008) e Serena Williams (181.ª, em 2018).

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