UTAD cria “vigilante florestal” para detecção atempada de fogos

Uma rede de sensores colocados em locais estratégicos e de maior risco de incêndio podem ajudar a detectar atempadamente uma ignição, mobilizando mais rapidamente os meios de combate.

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O incêndio de Pedrógão Grande, em 2017, vitimou 66 pessoas Adriano Miranda

Um novo “vigilante florestal.” Um investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) desenvolveu um sistema de sensores de temperatura e humidade que visam a detecção precoce de incêndios florestais e a mais rápida mobilização de meios.

O dispositivo criado por António Valente, investigador e professor da UTAD, pretende “antecipar alertas de ignições nas florestas” e tornar-se um “instrumento valioso na prevenção e combate dos fogos florestais”. É um “novo vigilante florestal”, concebido como “um pequeno aparelho, do tamanho de um telemóvel.”

Segundo explica o investigador, o dispositivo tem uma rede de sensores de temperatura, humidade, pressão atmosférica e de dióxido de carbono (CO2) que poderão ser colocados em locais estratégicos, como zonas de maior risco de incêndio.

A transmissão de dados é realizada através de uma rede sem fios, designada de “LoRaWAN”, em vez da rede de telecomunicações normal, já que esta nova rede permite transmitir os dados a uma distância de cerca de sete quilómetros. António Valente desenvolveu os “nós autónomos de sensorização”, isto é, explica, “os módulos de hardware” que contêm os sensores e que transmitem os dados através daquela rede sem fios.

O investigador refere que os dados são enviados para um sistema central e, assim, ao ser detectado precocemente um foco de incêndio, podem ser mobilizados mais cedo os meios de combate e minimizar os seus danos.

Tratam-se, frisa, de “sensores de baixo custo e, essencialmente, fáceis de instalar e manter”, podendo ser utilizados para medir diversos parâmetros ambientais, tais como “temperatura do solo e do ar, velocidade, rajada e direcção do vento, teor de água no solo, tensão da água e condutividade eléctrica, radiação solar, precipitação, pressão atmosférica e contagem de relâmpagos”.

Para além do uso na detecção de incêndios, este dispositivo pode também ser usado na agricultura, alertando, por exemplo, para a necessidade de rega. “A agricultura inteligente em geral, mas principalmente quando os campos agrícolas são muito heterogéneos, como é o caso da região demarcada do Douro, requer um grande número de sensores para obter um controlo efectivo e, assim, aumentar a produtividade”, diz António Valente.

O projecto encontra-se em fase experimental de aplicação simulada em “territórios estratégicos” e os resultados devem ser divulgados em breve.

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