Marcelo Rebelo de Sousa diz que tudo entre Portugal e o Brasil “é um problema de família”

Marcelo Rebelo de Sousa realçou o simbolismo do coração de D. Pedro, que reinou Portugal e o Brasil. O Chefe de Estado reforçou ainda “a invasão de Portugal por brasileiros” e a falta de consulados que não conseguem resolver o “problema da celeridade dos vistos”.

Foto
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, discursa durante a visita oficial ao Brasil LUSA/PAULO NOVAIS

O Presidente da República considerou este domingo que tudo entre Portugal e o Brasil “é um problema de família” realçando o simbolismo do coração de D. Pedro, que reinou e deixou descendentes no trono dos dois países.

Numa intervenção no consulado-geral de São Paulo, Marcelo Rebelo de Sousa disse que a história peculiar de D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal deixa o resto do mundo perplexo e concluiu: “Tudo o que se passa entre nós é sempre um problema em família”.

O Chefe de Estado discursava numa recepção à comunidade portuguesa, em que declarou que “está a haver uma invasão de Portugal por brasileiros, não têm a noção disso, e não há consulados que aguentem”, a propósito do “problema da celeridade dos vistos”.

No seu entender, se fosse feita uma alteração à legislação para permitir a nacionalidade portuguesa “até à quinta, sexta geração”, então aí no Brasil “todo mundo é português é brasileiro e é português”, porque “uma percentagem esmagadora de brasileiros têm uma pinga de sangue português”.

O Presidente da República falou ainda do “problema do coração, vem ou não vem o coração de D. Pedro” para o Brasil por ocasião do bicentenário da independência do Brasil que se assinala no dia 7 de Setembro deste ano.

“Nós tínhamos de investigar se o coração era daquela época e podia ser de D. Pedro. Não íamos mandar um coração que não correspondesse às expectativas brasileiras. Está feito o estudo. O presidente da Câmara do Porto, ele próprio chamou a si a decisão”, referiu. Rui Moreira “traz o coração nas mãos”, como diz a expressão, observou.

“E aqui ficará até um ano. Nunca vi um coração tão importante estar tanto tempo cedido, normalmente há cuidado no empréstimo de corações”, acrescentou.

Nesta intervenção, de meia hora, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que nas relações luso-brasileiras “as realidades que são fundamentais estão a funcionar bem” as relações entre povos, entre autarcas, instituições sociais, academias e governantes, mas não mencionando as relações entre chefes de Estado.

O Presidente da República, que desistiu de ir a Brasília porque o homólogo, Jair Bolsonaro, fez saber que tinha decidido cancelar o encontro entre os dois, que estava marcado para segunda-feira, deu como certa a sua presença em Setembro na capital do Brasil, para as comemorações dos 200 anos da independência.

“O Senado já convidou para eu ser o orador convidado. Mas vem comigo o presidente do parlamento português, e virá comigo o Governo, para mostrar que os órgãos de soberania todos cá estarão nesse momento fundamental”, destacou, “para celebrar em conjunto esse momento áureo da vida do Brasil”.

Este domingo, em São Paulo, antes desta cerimónia no consulado-geral, Marcelo Rebelo de Sousa tinha previsto um encontro com o anterior Presidente do Brasil, Michel Temer, que passou para segunda-feira de manhã.

Sugerir correcção
Ler 14 comentários