A ordem de Putin é para avançar de acordo com os planos

Com a queda de Lisichansk, a região de Lugansk passa para as mãos das forças russas que agora se vão virar para o Donetsk, que deverá ser bombardeado enquanto a tropa descansa.

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Soldados russos em Lisichansk ALEXANDER ERMOCHENKO/Reuters

A guerra da Ucrânia vai prosseguir de acordo com os planos. Conquistada a autodenominada república popular de Lugansk, as forças russas vão avançar de acordo com o objectivo estabelecido desde que Moscovo mudou os planos da sua “operação militar especial”, leia-se guerra, em território ucraniano: conquistar a região do Donbass, no leste da Ucrânia.

Em declarações divulgadas pela televisão russa e citadas pela BBC, depois de os soldados ucranianos terem retirado de Lisichansk, o que permitiu à Rússia ocupar todo o território de Lugansk, o Presidente russo, Vladimir Putin, deu ordem ao seu ministro da Defesa para prosseguir a ofensiva militar de acordo com “os planos previamente aprovados”. Ou seja, avançar para Donetsk, a outra região que compõe o Donbass.

Putin mostrou-se esperançado que os militares russos tenham tanto sucesso noutras frentes da guerra como tiveram em Lugansk e, para isso, pediu a quem esteve na frente de campanha para “descansar e aumentar as suas capacidades de combate”.

O mais provável é que as forças russas se concentrem agora no bombardeamento das cidades de Sloviansk e Bakhmut, afirmou ontem o governador de Lugansk, Serhiy Haidal, à Reuters. O responsável governamental ucraniano referiu que há uma “pequena parte” de Lugansk ainda nas mãos das forças de Kiev, mas reconheceu que a queda da cidade de Lisichansk dita que Moscovo controla a região.

Ontem, em entrevista a uma televisão local, citada pelo Washington Post, Haidai disse que os combates continuaram em Bilohorivka durante a noite, prova de que ainda nem tudo está conquistado pelos russos. “Enquanto os pudermos aguentar e não os deixar passar, mesmo aqui na região de Lugansk, é positivo para a nossa tropa.”

No domingo, o presidente da câmara de Sloviansk já tinha divulgado que a cidade estava a ser atingida pelo “maior bombardeamento” das últimas semanas.

“Temos de ganhar a guerra e não a batalha de Lisichansk”, disse o governador de Lugansk em relação à perda do controlo da cidade para os russos, referindo que os soldados ucranianos recuaram porque estavam em vias de serem cercados. “Dói muito, mas não é o mesmo que perder a guerra”, acrescentou.

É, por isso, que sinais como a bandeira ucraniana novamente hasteada na ilha das Serpentes, esse pequeno pedaço de rocha calcária no mar Negro, com apenas 662 metros por 440 metros, sirvam como alimento ao orgulho da Ucrânia numa altura de menos alento. Kiev tinha-se retirado por razões tácticas na semana passada, mas recupera agora a soberania – os russos afirmam ter deixado a ilha por razões humanitárias.

“A operação militar foi concluída, e o território, a ilha da Serpente, foi devolvido à jurisdição da Ucrânia”, comunicou Natalia Humeniuk, porta-voz do comando militar do sul da Ucrânia, garantindo que “o inimigo não está a conseguir avanços actualmente na zona” e, por isso, “estão a recorrer aos ataques aéreos e com mísseis”.

Mulheres na tropa

Com os avanços russos no leste da Ucrânia, começou a circular a “informação” em vários canais do Telegram de que as autoridades ucranianas estariam a pensar em obrigar as mulheres a alistar-se nas Forças Armadas, algo que foi prontamente desmentido por Kiev.

“Voltou a ver-se, uma vez mais, no espaço dos media russos uma notícia falsa sobre a mobilização de mulheres na Ucrânia”, afirmou a vice-ministra ucraniana da Defesa, Hanna Maliar, na sua conta oficial do Facebook. “Sim, este é um tema que gera muitas opiniões diferentes, mas não há necessidade de especular durante a guerra.”

“Não há necessidade de forçar à mobilização das mulheres”, acrescentou Hanna Maliar, salientando que em nenhum momento desde o início da invasão russa, a 24 de Fevereiro, o Governo ucraniano ponderou a ideia do serviço militar obrigatório para as mulheres.

A vice-ministra lembrou até que, ao contrário dos homens ucranianos dos 18 aos 60 anos, que estão impedidos de deixar o país, “não existem restrições de mobilidade para as mulheres no cruzar da fronteira e até ao momento não se prevê nenhuma restrição dessa índole”.

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