O objectivo de Nick Kyrgios não são os quartos-de-final

Australiano voltou a vencer um encontro no quinto set. Simona Halep revalida a candidatura a um segundo título em Wimbledon.

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Reuters/PAUL CHILDS

Já todos conhecem o talento e a irreverência de Nick Kyrgios. O que poucos sabiam é que o tenista australiano é também um lutador e que está em Wimbledon com ambições altas. Oito anos depois de ter sido quarto-finalista, após eliminar Rafael Nadal, Kyrgios volta a estar entre os oito derradeiros sobreviventes no torneio, após ganhar mais um encontro em cinco sets. Aliás, Kyrgios venceu todos os seis encontros decididos no quinto set que disputou em Wimbledon.

“Hoje, eu era o favorito, foi uma sensação diferente. Foi uma grande exibição do ponto de vista mental. Actualmente, aprecio mais a batalha e já estou à espera que todos joguem bem contra mim”, afirmou Kyrgios (40.º no ranking), depois de ultrapassar o norte-americano de 20 anos, Brandon Nakashima (56.º), por 4-6, 6-4, 7-6 (7/2), 3-6 e 6-2. Mais calmo e focado do que na ronda anterior em que venceu Stefanos Tsitsipas (5.º), Kyrgios acreditou no seu registo imaculado em quintos sets para dominar a última partida. E é agora o primeiro tenista nascido depois de 1990 a chegar por duas vezes aos “quartos” de Wimbledon. Mas não quer ficar por aqui.

“Disse em casa que, desta vez, ia tentar conquistar o título aqui”, confessou Kyrgios, antes de afirmar que tem um comportamento mais profissional do que 2014: “Houve um tempo em que tive de ser obrigado a sair de um às quatro da manhã, antes de ir jogar com o Nadal no court central de Wimbledon. Tem sido um longo percurso, mas agora tenho uma grande equipa à minha volta: o meu fisioterapeuta é o meu melhor amigo; o meu agente também; tenho a melhor namorada do mundo, tenho um grande apoio.”

Contudo, a personalidade rebelde mantém-se presente. Para responder às perguntas ainda no court, Kyrgios colocou um chapéu vermelho e uns ténis a condizer, desafiando a ética de Wimbledon de se usar roupa branca. “Faço o que eu quero. Se atrair mais as atenções, melhor; toda a publicidade é boa”, justificou.

Kyrgios não vai defrontar o compatriota Alex de Minaur (27.º) como esperava, pois quando entrara em campo, o número um australiano liderava por 2-0 em sets. Mas o chileno Cristian Garin (43.°) reagiu in extremis para acabar por vencer, por 2-6, 5-7, 7-6 (7/3), 6-4 e 7-6 (8/6), ao fim de 4h34m e depois de anular dois match-points a 4-5 (15-40).

Um dia depois de Novak Djokovic (3.º) ter cedido um set ao inexperiente Tim van Rijthoven (104.º), foi a vez de Rafael Nadal (4.º) enfrentar outro grande servidor holandês, Botic van de Zandschulp (25.º). O espanhol somou a 18.ª vitória consecutiva, mas só no quarto match-point, com os parciais de 6-4, 6-2 e 7-6 (8/6).

Na sua oitava presença nos quartos-de-final de Wimbledon, Nadal vai defrontar Taylor Fritz (14.º) que, no Dia da Independência dos EUA, deu uma vitória ao seu país, derrotando o australiano Jason Kubler (99.º), por 6-3, 6-1 e 6-4. Fritz é o primeiro representante masculino do ténis norte-americano a chegar aos quartos de Wimbledon sem ceder qualquer set desde Andy Roddick em 2007 e com apenas sete horas e meia passadas no court.

O 4 de Julho foi igualmente festejado por Amanda Anisimova (25.ª), que terminou com a excelente prova da francesa Harmony Tan (115.ª), com uma rápida vitória, por 6-2, 6-3. Mais expedita foi a sua próxima adversária, Simona Halep (18.ª), a única campeã do torneio ainda em prova.

A vencedora de 2019 esteve presente na cerimónia da véspera para assinalar o centésimo aniversário do court central – com antigos e recentes outros vencedores, incluindo Roger Federer – e afirmou que esteve mais nervosa nessa ocasião do que diante de Paula Badosa (4.ª), que venceu em 59 minutos: 6-1, 6-2.

O outro lugar nas meias-finais será decidido entre a australiana Ajla Tomljanovic (44.ª) e a cazaque Elena Rybakina (23.ª).

Entretanto, soube-se que o All England Club (AELTC) e a federação britânica de ténis (LTA) vão recorrer das multas aplicadas pela Associação das Jogadoras Profissionais (WTA), na sequência da decisão de impedir as tenistas russas e bielorrussas de competirem no torneio de Wimbledon. A WTA e a sua congénere masculina (ATP) já tinham retaliado ao anunciarem que não iriam atribuir pontos para o ranking nesta edição, mas a associação feminina foi mais longe e aplicou multas de 720 mil euros à LTA e 240 mil euros ao AELTC.

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