Guatemala, país de vulcões e de herança maia

A leitora Rita Carneiro partilha a sua experiência no país da América Central, entre a subida a um vulcão e a visita a cidades como Antígua ou Tikal. “Como é possível tão poucos turistas chegarem aqui”?

Água
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Se a Guatemala fosse resumida em poucas palavras poderiam muito bem ser fogo, água e herança maia.

Fogo, por conta das dezenas de vulcões que existem no país, alguns dos quais em actividade e que nos brindam com paisagens muito diferentes das que conhecemos na Europa. Água, pela paz e tranquilidade que nos transmite o imenso lago Atitlán rodeado pelos seus pequenos pueblos. Herança maia, pela presença constante desta antiga civilização no dia-a-dia do país e da sua população.

Estes elementos, entre outros, fizeram da viagem pela Guatemala uma espectacular aventura que começou pela antiga capital do país, Antígua. Esta cidade, património mundial da UNESCO, encanta-nos desde o primeiro momento, com as suas ruas empedradas, casas em cores de terra, igrejas, o arco de Santa Catalina e os três vulcões que a rodeiam (Água, Fuego e Acatenango). Uma espécie de muralha natural omnipresente.

A cidade é uma espécie de museu “a céu aberto”, muito bem preservado, com uma arquitectura marcadamente colonial, herança dos espanhóis.

Antígua é também a base dos que se aventuram na subida ao vulcão Acatenango para ver mais de perto o vulcão Fuego. Subir um vulcão para ver outro em actividade? Exactamente! É uma experiência imperdível para quem visita a Guatemala e algo que jamais se esquece.

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Não é sem dificuldade que se lá chega, já que são mais de seis horas e 4000 metros, em puro trekking, até alcançar o acampamento. Contudo, a recompensa é grande e faz valer todo o esforço e sofrimento. À chegada somos brindados com um magnífico pôr do Sol e, gradualmente, à medida que escurece, começam a vislumbrar-se e a ouvir-se as erupções do vulcão Fuego. É um verdadeiro espectáculo da natureza, observado com a devida distância de segurança.

Depois de Antígua foi a vez de explorar o lago Atitlán. De origem vulcânica, oferece-nos uma paisagem azul e uma paragem no tempo sempre que vemos os pescadores nas suas pequenas “cascas de noz” (barcos de madeira muito rudimentares) a tentarem ganhar o dia. As deslocações entre os pequenos povoados, baptizados com nomes de santos católicos, são feitas (quase) sempre de barco e, em alguns deles, é ainda possível ter uma experiência autêntica, local. San Juan de la Laguna será aquele que melhor equilibra a relação entre o turismo e a população local.

É também desde o lago Atitlán que facilmente se chega ao mercado de Chichicastenango, provavelmente o mais famoso mercado da Guatemala, que acontece todas as quintas-feiras e domingos. São centenas de bancas onde se vende de tudo: roupas mais tradicionais ou nem tanto, sapatos, frutas, legumes, carne, peixe e animais vivos. E, claro, souvenirs para os poucos turistas com quem nos cruzamos. Afinal, a pandemia ainda não terminou.

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No meio da dinâmica e rebuliço do mercado está a igreja, que não difere muito das que conhecemos, com excepção dos incensos queimados, dos tectos tingidos pelo fumo e da força espiritual que resulta da fusão do catolicismo com a crença maia.

Não nos ficámos por aqui. Outro dos pontos turísticos essenciais é, surpreendentemente, o cemitério local. Na igreja e no cemitério mistura-se a religião católica com a ancestralidade maia e as cerimónias de agradecimento à mãe natureza (Pacha Mama), que têm lugar dentro das próprias igrejas. É impossível conter a curiosidade e não assistir a uma destas cerimónias.

No final dos dias pela Guatemala visitámos ainda Tikal, Uaxactun e Yaxhá. Estas antigas cidades maia e, sobretudo, Tikal são um portal para um outro tempo, um outro mundo. Tikal foi uma espécie de capital maia, sendo que apenas uma pequena parte está a descoberto.

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Estar em Tikal é mágico: impressiona pensar como é que centenas de anos antes de Cristo existia já uma estrutura social, económica e política com aquela dimensão e organização. Uma civilização avançada com sistema de escrita e calendário próprios, conhecimentos matemáticos e astronómicos. A magia de Tikal é tão avassaladora e poderosa que faz pensar como é possível tão poucos turistas chegarem ali. Em certas zonas do parque, como em Uaxactun, tivemos mesmo o privilégio de ver os templos e escutar o ruído da selva completamente sozinhos, ou melhor, acompanhados pelo nosso guia Samuel, o responsável por tornar esta experiência inesquecível.

Por conta de uma tempestade nos dias anteriores à nossa chegada, ficou por visitar Semuc Champey e as suas famosas lagoas azuis. Mas não será bom deixar motivos para voltar?

Rita Carneiro

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