Aos 32 anos, Alizé Cornet está melhor do que nunca

Francesa travou série de 37 triunfos seguidos de Iga Swiatek. Qualidade de Nick Kyrgios voltou a sobressair em Wimbledon.

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EPA/KIERAN GALVIN

Desde o início do ano que Alizé Cornet pondera deixar o ténis profissional. Algo que nunca acontecerá antes do final da época, pois quer competir no US Open e bater o recorde do maior número de torneios do Grand Slam disputados consecutivamente, que partilha com a já retirada Ai Sugiyama: 62. Mas, na Austrália, a francesa de 32 anos estreou-se nos quartos-de-final de um Grand Slam e, em Wimbledon, derrotou Iga Swiatek, pondo fim à série de 37 vitórias consecutivas da líder do ranking. A reforma pode vir a ser adiada.

A vitória de Cornet (37.ª no ranking) surgiu no mesmo court onde, há oito anos, derrotou Serena Williams, então número um mundial, que estava numa série invencível de 34 encontros. Desta vez, a experiente francesa impôs a Swiatek a primeira derrota desde 16 de Fevereiro. Desde então, a polaca ganhou seis títulos, incluindo Roland Garros, o que a consolidou no primeiro lugar da tabela WTA.

Mas desde o início do torneio que Swiatek nunca se sentiu confortável sobre a relva e a prova disso foram os 33 erros directos que cometeu, quase metade dos 69 pontos que Cornet somou para vencer, por 6-4, 6-2. “Primeiro que tudo, tenho de dizer que sou uma enorme fã da Iga; ela é muito talentosa, uma jogadora espantosa e uma boa embaixadora do ténis feminino. Sinto-me lisonjeada por lhe ganhar. Se havia algum momento que a podia derrotar era agora, em relva”, disse Cornet, que, em Maio, publicou o seu primeiro romance, antevendo a sua vida pós-ténis.

A francesa, detentora de seis títulos no WTA Tour, sempre soube compensar a falta de gabarito físico (1,73m) com uma enorme competitividade, disponibilidade física e inteligência táctica e, em 2009, esteve à porta do top 10. “Todos estes anos de trabalho, de sacrifícios e de rigor permitem-me de manter-me ainda, aos 32 anos, no top”, resumiu Cornet, que, nos oitavos-de-final, vai enfrentar a australiana Ajla Tomljanovic (44.ª), que eliminou Barbora Krejcikova (14.ª), por 2-6, 6-4 e 6-3.

Afastada foi igualmente Petra Kvitova (26.ª). A campeã de Wimbledon, em 2011 e 2014, falhou nos momentos finais de ambos os sets disputados com Paula Badosa (4.ª) e a espanhola saiu vencedora, por 7-5, 7-6 (7/4). Badosa vai defrontar agora a única campeã do torneio ainda em prova, Simona Halep (18.ª). A vencedora de 2019 ultrapassou a polaca Magdalena Frech, por 6-4, 6-1, e continua sem ceder qualquer set.

No duelo entre duas muito jovens norte-americanas, Amanda Anisimova (25.ª) derrotou Coco Gauff (12.ª), por 6-7 (7/9), 6-2 e 6-1, e vai defrontar a francesa Harmony Tan (115.ª), que tem confirmado que a vitória sobre Serena Williams não foi por acaso.

No torneio masculino, o duelo entre Stefanos Tsitsipas (5.º) e Nick Kyrgios (40.ª) não desiludiu. “Foi um encontro dos diabos”, resumiu Kyrgios, após derrotar o grego, por 6-7 (2/7), 6-4, 6-3 e 7-6 (9/7). Esta foi a 25.ª vitória do australiano de 27 anos sobre um top 10 – o segundo melhor registo para um jogador que nunca esteve entre os 10 primeiros do ranking, só superado por Feliciano López, com 40.

Foi um encontro cheio de episódios extra-ténis: o mais polémico deu-se no final do segundo set, quando Tsitsipas atirou uma bola deliberadamente para a bancada, acertando num espectador. Kyrgios queixou-se por o adversário ter sido advertido e não desqualificado — como sucedeu com Novak Djokovic, no US Open de 2020. Pouco tempo depois, na resposta a um serviço por baixo, Tsitsipas disparou a bola para as bancadas, de forma tão ostensiva que foi novamente penalizado, perdendo um ponto.

Kyrgios, autor de 61 winners, incluindo 14 ases e 23 na rede, parte como favorito para os “oitavos”, onde defronta o norte-americano Brandon Nakashima (56.º), de 20 anos.
Contas feitas, o espanhol Rafael Nadal (4.º), que afastou Lorenzo Sonego (54.º), por 6-1, 6-2 e 6-4, é agora o único sobrevivente do top 10 na metade inferior do quadro.
Nos pares, João Sousa e o australiano Jordan Thompson foram derrotados na segunda ronda pelos cabeças de série n.º7, o australiano John Peers e o eslovaco Filip Polasek, por 7-6 (7/2), 7-5 e 6-4, ficando Wimbledon sem representação portuguesa.

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